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TERAPIA ANALÍTICA JUNGUIANA E TERAPIA POSITIVA
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TERAPIA ANALÍTICA JUNGUIANA E TERAPIA POSITIVA
Consciente e Inconsciente
A consciência tem o papel de selecionar, filtrar, discriminar e de diferenciar. Sua propriedade discriminatória atua na medida que ela define o que fica na própria consciência e o que vai para a inconsciência. Toda a matéria criativa está armazenada no inconsciente, mas quem é responsável pela ordenação das coisas caóticas é a consciência. (JUNG, 2014, OC9/1 e JUNG, 2015, OC7/1 e OC7/2).
Chamamos o inconsciente de um ¨nada¨ e, no entanto, ele é uma realidade in potentia: o pensamento que pensaremos, a ação que realizaremos e mesmo o destino de que amanhã nos lamentaremos já estão no inconsciente de hoje. O desconhecido que o afeto descobre, sempre esteve aí e mais cedo ou mais tarde se apresentaria à consciência. (JUNG, 2014, OC 9/1, p.278).
A autonomia do inconsciente começa onde se originam as emoções. Estas são reações instintivas, involuntárias que perturbam a ordem racional da consciência com suas irrupções elementares. Os afetos não são feitos através da vontade, mas acontecem. No afeto aparece às vezes um traço de caráter estranho até mesmo à pessoa que o experimenta, ou conteúdos ocultos irrompem involuntariamente. Quanto mais violento for um afeto, tanto mais ele se aproxima do patológico, isto é, daquele estado em que a consciência do eu é posta de lado por conteúdos autônomos, antes inconscientes. (JUNG, 2014, OC 9/1, p.278).
Para Jung os conteúdos do inconsciente pessoal, por um lado apontam para trás em direção a um mundo do pré-consciente e pré-histórico, e por outro antecipa potencialmente um futuro, devido a uma prontidão instintiva dos fatores determinantes do destino. (JUNG, 2014, OC 9/1, p.278).
São também exemplos de conteúdos: não conheço, mas não penso num dado momento; eu tive consciência mas esqueci; foi percebido, mas não registrado; sinto, penso, relembro, desejo e faço involuntariamente e sem atenção; o futuro que se projeta em mim e só mais tarde será conhecido; ¨os impulsos instintivos da infância que não encontraram aplicação na vida adulta, isto é, uma série de desejos egoístas infantis¨ (JUNG, 2014, OC 7/1; p.151).
O inconsciente coletivo, junto com os seus componentes arquetípicos, é, por conseguinte, uma hipótese que possui um enorme significado, pois iria conduzir a psicologia dinâmica para dentro da corrente principal da ciência biológica. Iria estabelecer a continuidade entre a psique humana e o resto da natureza orgânica e atuaria como uma ponte entre a ciência da experiência e a ciência do comportamento. (STEVENS, 1990, p.63).
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Psicoterapeuta | Coach | Mentor | Consultor
(citar fonte em caso de reprodução)
Psique
A psique é a coordenadora da tomada de decisões. Ela tem um caráter performático de criação e design do pensamento, pois cria e dá sentido aos eventos. Ela pode trabalhar somente com conteúdos da inconsciência até que se identifica momentos de tensão e, do inconsciente emerge a consciência.
Na psique, muitas associações rodam em torno de uma temática com uma infinidade de atributos organizados, mas com uma afinidade entre si. Não há nada da existência que não passa pela psique.
O mundo é a representação das ideias, porém nós somente temos acesso ao conteúdo da nossa psique, que mostra o mundo de acordo com as nossas projeções. Não temos respostas para muitas dúvidas. Cabe ao terapeuta/psicólogo ajudar o paciente a organizar os pensamentos em sua mente para ele encontrar as respostas ou soluções por si só, pela análise do problema sob diversas perspectivas.
A intensa cobrança do consciente com causas e efeitos provocam alterações na forma de vida e traz problemas. O estilo de consciência ao julgar errado, faz com que surjam sintomas - dores, sofrimentos e doenças. A doença não tem haver com a qualidade, mas sim com a intensidade. Valor psíquico é a quantidade de energia psíquica depositada em um elemento da personalidade. Ao atribuir um valor excessivo em uma ideia ou sentimento é exercida uma considerável força orientadora do pensamento. Alimentar energeticamente um complexo contribui para potencializar os aspectos sombrio da psique.
A energia vital, ou libido, é a vontade comandando de fora do individuo, o que não possui forças para combatê-la. É uma vontade inconsciente que quer existir através de nossa consciência. A libido pode aparecer com qualquer substância e não somente na sexualidade.
A energia não é uma substância quantitativa que se movimenta no espaço (conceito mecanicamente causal) mas sim o conceito abstraído das relações de movimento (irreal, energético final, símbolo). A energia psíquica atua como um transdutor (transformação energética).
O indivíduo com ego humanizado e saudável atua com objetivo de buscar agir energeticamente para todos os movimentos e sentidos, refletindo nas implicações do mundo externo e interno.
Com o movimento para frente sua energia psíquica caminha no sentido da progressão. Com o movimento espacial para cima vai de encontro à Deus no sentido de projeção. Com o movimento para atrás, volta-se no tempo no sentido de regressão. Com o movimento para baixo, confronta a sua sombra para elevar sua energia espiritual no sentido da introjeção. Com movimento para dentro, recua em relação ao objeto no sentido da introversão. Com o movimento para fora, caminha impulsivamente em direção ao objeto no sentido da extroversão. Sua energia mental ou relacional é a resultante vetorial de todas essas energias.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Psicoterapeuta | Coach | Mentor | Consultor
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Contos de Fada
Quando se estuda atentamente as personalidades arquetípicas e seu comportamento através dos sonhos, fantasias e delírios dos pacientes, tem-se uma profunda impressão do relacionamento tão vasto como direto com as ideias mitológicas que há muito o leigo esqueceu. (JUNG, CW 9/1, p.285)
Os homens só se tornam verdadeiros homens confrontando-se ao ensinamento dos mitos, ou seja, imitando os deuses. O acontecimento mítico é a verdadeira história, a história da condição humana onde o homem pode reencontrar os princípios e os paradigmas de toda conduta. (Eliade, O sagrado e o profano, p. 89-90)
É na atitude do moderno com respeito ao tempo que se pode descobrir a camuflagem do seu comportamento mitológico. (Eliade, Mitos, sonhos e mistérios, p. 2).
A narrativa que faz reviver uma realidade, desempenhando uma função indispensável na codificação da crença e na imposição dos princípios morais para orientação do homem. O mito é a verdadeira codificação da religião primitiva que em conjunto com a fenomenologia e a psicologia ajudam a entender a estrutura da natureza da psique e da condição humana. É a linguagem da expressão simbólica do inconsciente (Jung).
Interpretamos os símbolos mitológicos de modo excessivamente concreto e estranhamos a cada passo as infindáveis contradições dos mitos. É a força criadora do inconsciente que se oculta em imagens (Jung, Símbolos da transformação, p. 212).
O mito é aquilo que é acreditado em toda parte, sempre e por todos. Aquele que pensa viver sem sem mito, ou fora dele é uma exceção. Ele é, na verdade, um erradicado, que não tem contato verdadeiro com o passado e nem com a sociedade humana do presente, vivendo isoladamente e envolto numa ilusão subjetiva criada por seu intelecto, que lhe parece a verdade recém descoberta. (Símbolos da Transformação, p. XV).
Os contos de fadas funcionam como uma abstração. Trazem pessoas fantásticas. Ocorre uma dança de imagens arquetípicas que acontece no inconsciente. Não tem a presença do ego. O único ego é o narrador. O personagem de herói não possui reações humanas. É hábil, corajoso e esperto. Os perfis dos personagens são sempre os mesmos. A polaridade e a integração dos fatos são feitas pelo ouvinte.
Os contos de fada possuem uma clara imagem do conteúdo da psique. Os contos possibilitam um leque de possibilidades para ampliação de visões ou de caminhos. A partir da interpretação da narrativa é possível identificar diversas possibilidades de soluções de conflitos universais e pessoais. Possibilita reviver conteúdos do inconsciente, possibilitando sua integração na consciência, apontando o melhor caminho para a resolução de conflitos.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Psicoterapeuta | Coach | Mentor | Consultor
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Sombra
“Todo mundo carrega uma sombra, e quanto menos ela está incorporada na vida consciente do indivíduo, mais negra e densa ela é. Se uma inferioridade é consciente, sempre se tem uma oportunidade de corrigi-la. Além do mais, ela está constantemente em contato com outros interesses, de modo que está continuamente sujeita a modificações. Porém, se é reprimida e isolada da consciência, jamais é corrigida, e pode irromper subitamente em um momento de inconsciência. De qualquer modo, forma um obstáculo inconsciente, impedindo nossos mais bem-intencionado propósito" Carl Jung
A sombra é o lado que não se conhece, escuro aos olhos nus. É aquele conteúdo que não se reconhece em si mesmo e que foi negado ou reprimido. A sombra se forma no inconsciente pessoal. A sombra pode ser pessoal ou coletiva. A sombra ultrapassa nossos limites com registros arcaicos (autofragelamento). Tudo que é reprimido tem uma energia potencial positiva. A sombra por mais perturbadora possa ser, não é intrinsecamente má. A sombra familiar é ruim. Você pode ser o resultado de todas as sombras dos seus parentes/ancestrais. (JUNG, 2013, OC 9/2, p.19-22).
¨Na nossa sombra, estão os complexos que: arquitetam os sonhos, pesadelos, produzem os sintomas neuróticos, nos induzem a cometer erros, a ter brancos na memória, a praticar atos falhos, nos colocam em situações constrangedoras.¨ (Grinberg, 1997, p.125).
“Todo mundo carrega uma sombra, e quanto menos ela está incorporada na vida consciente do indivíduo, mais negra e densa ela é. Se uma inferioridade é consciente, sempre se tem uma oportunidade de corrigi-la. Além do mais, ela está constantemente em contato com outros interesses, de modo que está continuamente sujeita a modificações. Porém, se é reprimida e isolada da consciência jamais é corrigida, e pode irromper subitamente em um momento de inconsciência. De qualquer modo, forma um obstáculo inconsciente, impedindo nossos mais bem-intencionado propósitos .”(JUNG, OC 11, §. 131).
Ressalta-se que o indivíduo tem algumas escolhas em relação a sua sombra.
Pode-se mantê-la reprimida, recalcada no inconsciente, onde o indivíduo se recusa a encará-la de frente, ou seja, deixa ela seguir o seu curso natural de forma oculta, sem que se sinta responsável por ela.
Pode-se torná-la consciente e tentar eliminá-la, ou corrigi-la, tratando-a como uma inimiga, algo que não deveria ser seu, mas não admite conviver, nega e condena.
Ou ainda, pode-se aceitá-la e torná-la consciente, assumi-la como parte de sua personalidade sem considerá-la uma opositora que quer te sabotar, mas sim como uma aliada, onde se pode vivenciá-la de forma construtiva, uma saudável humildade, em que o indivíduo aceita a sua existência com compaixão.
Na terapia ou na iniciação do processo de individuação, trabalha-se com o confronto positivo com a sombra, de forma a estabelecer um canal de comunicação, integração e colaboração. Simbolicamente, a persona que faz a sua oposição chama a sombra para conversar e negocia com ela, estabelece acordos, de forma flexível e consensual. A consciência precisa desconstruir o papel da sombra de guardiã do inconsciente e restabelecer o eixo ego – self.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Psicoterapeuta | Coach | Mentor | Consultor
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Sonhos
O sonho ocorre durante o período de repouso e relaxamento do corpo e da mente, durante o sono, quando o organismo está executando o processo de desfragmentação do cérebro para organização e arquivamento na memória das informações relevantes .
Quanto mais o sono está nas ondas mais altas o processo do download estruturado é mais intenso. Nas ondas mais baixas do sono está ocorrendo o processo de upload. O sono é um rearranjo para dar início um novo período de vigília. A má qualidade de sono provoca falta de melatonina, desatenção e falta de memória.
Para Freud, o sonho era um mecanismo psicológico que funcionava para preservar o sono, expressando e, assim, descarregando desejos inaceitáveis, inconscientes, de forma disfarçada.¨
Descrever um sonho possibilita ampliar a consciência e exercitar a memória, a medida em que confirma, se opõe ou modifica, com excesso de antagonismo.
Para Jung, "O sonho chega como a expressão de um involuntário processo psíquico inconsciente, além do controle da mente consciente. Mostra a verdade interior e a realidade do paciente como efetivamente ela é: não como eu conjecturo que seja e não como ele gostaria que fosse, mas como é."
O sonho é um conjunto de fatos psíquicos e processos imaginativos em forma de narrativa, com base em imagens armazenadas no inconsciente, em que revela o momento inconsciente do sonhador. Pode-se caracterizar tais imagens como sendo objetivas e subjetivas.
É um mergulho no outro lugar onde o complexo age com outra expressão. O sonho faz o complexo mexer e a energia circular diante daquele emaranhado de informações do sonho.
É uma comunicação natural entre o consciente e o inconsciente na busca de um equilíbrio. O sonho busca trazer uma mensagem maior que a existente em nossa consciência. Nele é possível dialogar com o que empurra para a transformação.
Para o Ego o sonho vem para tirar a sua supremacia. O ego sabota o sonho logo que se acorda é comum não se lembrar o que sonhou ou de seus detalhes.
Sonho pode ser compensatório, premonitório e pedagógico. Os sonhos tem um significado compensatório na visão unilateral do ego e complementada com a visão do inconsciente; pedagógico ou de reafirmação/oposição (aceitação ou negação) a medida que é educativo e desperta a consciência e premonitório ou prospectiva a medida que pode prever situações (traumático, telepático ou profético). A intuição é um componente importante do sonho.
O sonho possui a função compensatória, pois é possível identificar o problema ou complexo com o qual o sonho está inserido; verificar a situação consciente relevante do sonhador; avaliar para que o sonho veio e trabalhar de forma dedutiva ou construtiva. Também é possível avaliar se o sonho busca um equilíbrio, opondo-se, modificando ou confirmando a situação do ponto de vista da consciência do sonhador;
O sonho é uma produção do próprio sonhador onde tudo o que acontece do sonho é um aspecto do próprio sonhador. O sonhador é o próprio diretor, o autor, os personagens, o crítico e o público. É um conjunto de conteúdos da psique do próprio sonhador que se projeta nesses entes. Exemplos: sonhou com o seu pai, então será que sonhou com a representação de pai dentro de si?; sonhou que uma pessoa está morrendo, será que existe uma parte dela que você quer que morra dentro de si?
As perguntas estimulam a lembrança do sonho para detalhamento dos fatos e conteúdos. A principal pergunta ou hipóteses é: - Qual a subjetividade do seu conteúdo?
O sonho não é interpretado e sim analisado. A análise somente pode ser efetuada após esgotada todo o mapeamento do sonho, associando ao consciente coletivo e as experiências do analista.
Para efetuar a análise dos sonhos, o analista necessita efetuar a sua ampliação, inserindo cores, sentimentos, associações pessoais, detalhes do ambiente do sonhador e o paralelo arquetípico. No sonho as imagens de sensações e sentimentos transmitem sinais de acolhimento, aceitação, tensão dos opostos e comunicação. Cabe uma identificação desses elementos como meio de acesso ao inconsciente.
Na estruturação dos sonhos pode-se dizer que a exposição é o lugar, os personagens, a situação inicial, a época e os cenários; as periferias é a tensão, a situação que se complica; o clímax é o fato decisivo que muda a situação completamente; a solução é a situação final, o resultado procurado.
A análise consiste em fazer perguntas que reflitam metáforas abertas para auxiliar o processo de ampliação do sonho. Exemplos: - Fale sobre essa pessoa? O que você pensa dela? Qual fato é retratado? O que pensa sobre esse fato? Quais experiências já teve? Quais os padrões arquetípicos estão associados? Existe um salvador e um fora da lei, transgressor das leis do sonhador? O que você rejeita? Qual o interesse tem por traz da atitude? Parece falar que precisa entender ou aceitar o outro? Isto te faz lembrar alguma coisa? Qual a cor? O que ela transmite? Se fosse da cor branca muda algo muda para você? Identifica a existência de aspectos sombrios? Que tipo de aspectos sombrios que você observa, te rodeia e encanta? É possível extrair uma visão melhor das coisas? Parece fazer um comentário sobre...? Como você recebe este comentário, como uma crítica ou elogio? Com uma tentativa de correção? Para onde esse comentário te leva? Algo deixou de ser feito? Quem poderia ter feito? Algo está desabando? Qual polaridade do arquétipo atua, no positivo e no negativo? Como você é perseguido e foge da agressividade? Agressividade ou fuga - pode ser equilíbrio? Há relação com a mãe ou maternagem – negação e identificação?
Se a pessoa é desconhecida o sonho traz a relação com o mundo interior do modo de ver o masculino e o feminino. Se a pessoa é definida estuda a relação que ela tem em si.
A função transcendente atua quando há um conflito entre situações opostas dentro de si que requer um diálogo e que precisa melhorar a relação. Um lado que se opõe ao outro pode interagir com o outro e subir uma outra coisa nova e diferentemente evoluída.
O sonho traz a conscientização das características da personalidade do sonhador e do intérprete. Nada pode ser presumido com relação ao significado do sonho ou de imagem específica. O sonho não diz o que deve fazer.
É hipotética uma análise por meio da tradução da linguagem do sonho em relação a situação consciente relevante do sonhador. É preciso examinar o sonho em comparação com os próprios fatos, narrativas e contextos trazidos pelo sonhador, fazendo associações sempre que necessário com uso de uma linguagem metafórica.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Psicoterapeuta | Coach | Mentor | Consultor
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Tipos Psicológicos
No que se refere aos tipos psicológicos, nós podemos dividir a psique humana de duas formas: uma pelo modo como reagimos às circunstâncias externas e outra, pelo modo como a nossa consciência percebe e assimila as experiências e eventos.
Pelo modo como reagimos às circunstâncias externas podemos dividir em dois tipos: o introvertido e o extrovertido.
São do tipo extrovertido, em resumo, aqueles que partem rápido e confiantes ao encontro do objeto, e o tipo introvertido como sendo aqueles que hesitam, recuam, como se o contato com o objeto lhes infundisse receio ou fosse uma tarefa demasiado pesado. O extrovertido deseja inconscientemente a introversão. Já o introvertido deseja inconscientemente a extroversão.
Jung, como um bom empirista, foi acumulando observações até concluir que dentro do grupo de extrovertidos e introvertidos, há pessoas com comportamentos diferentes. Constata a existência de variações, que dependem da função psíquica que o indivíduo usa preferencialmente para adaptar-se ao mundo exterior e assimilar as experiências e eventos. São elas: sensação, pensamento, sentimento e intuição. Possuímos todas elas, mas a consciência usa uma predominantemente uma como função principal. Uma segunda função atua como função auxiliar, a terceira vai além do desenvolvimento rudimentar e a quarta, denominada de função inferior, é a que permanece no estado mais ou menos inconsciente. (SILVEIRA; Nice da, 1994, p. 51 a 70)
O tipo psicológico extrovertido é caracterizado pela iniciativa e dinamismo em buscar da ampliação do conhecimento e de significado junto ao ambiente externo. Tem grandes chances de se dar bem nos negócios se tiver a função principal intuitiva. É criativo e está sempre focado na criação de sua obra-prima com originalidade.
Na função transcendente, quando do conflito entre o consciente e o inconsciente, em específico, entre a sua função principal e a sua função inferior oposta (extrovertido vs. introvertido; sensação vs. intuição e pensamento vs. sentimento), o indivíduo amplia a consciência no entendimento que a verdade é aproximada em relação à realidade e não absoluta, que sua experiência é individual e não chega na universalidade, pois considera variáveis ao seu redor, onde tudo que existe na natureza é energia (sentimento), onde se movimenta (intuição) no tempo (pensamento) e no espaço (sensação).
O sentimento (energia) e pensamento (tempo), do ponto de vista fenomenológico são características racionais ou lógicas, relacionadas à qualidade linear das coisas. A sensação (espaço) e intuição (movimento), do ponto de vista fenomenológico são características empíricas ou irracionais.
O elemento Água, com função sentimento, tem características úmido e frio (função de penetrar e retrair). É subjetivo, emotivo e proprietário. Julga com base em valores energéticos (atração e repulsão). Copas no Tarô.
O elemento Ar, com função do pensamento, é úmido (penetra e movimenta) e é quente (expande). Possui características de um ser racional e lógico, similares ao pensamento do filósofo (para dentro - tipo introvertido - qualidade para existência) e do cientista (para fora tipo extrovertido). Espada no Tarô.
O elemento Terra, com função sensação, é Seco (cristalização) e frio (retração). Caracteriza por indivíduos que trabalham com coisas concretas, classifica e ordena as coisas, é teimoso, quantifica com uma percepção espacial aguçada das coisas, possui memória fotográfica e tem uma forte relação dos cincos sentidos. Ouro do tarô.
O elemento Fogo, com função intuição, é seco e quente (calor expansão). Capta as pendências e os movimentos. Possui o sexto sentido sensorial e intuitivo. É visionário. Paus no Taro.
Na cultura oriental, em geral, os indivíduos são mais introvertidos. Agem de fora para dentro. Deixa a natureza transformar o indivíduo, agindo dentro do consciente. No inconsciente transforma a natureza com desdobramento no seu íntimo. É autocentrado, expõe as suas ideias não importa se incomoda ou não. Faz redenção a Deus na sua totalidade, evitando o Ego inflado.
Na cultura ocidental, em geral, os indivíduos são mais extrovertidos. Agem de dentro para fora. Estão preocupados com o objeto externo. Desdobrou no comportamento da graça de Deus (criador) e nós criatura. Não é correto aqueles que se consideram como um Deus.
Vejamos alguns exemplos:
Podem ser realizadas 64 combinações de tipos psicológicos, com infinitas possibilidades de graduação.
O conhecimento do tipo psicológico do trabalhador ou do paciente, permite que o terapeuta ou o líder estabeleça relações de confiança com empatia na comunicação. Ambos, necessitam também conhecer as funções diferenciadas e inferiores para um maior cuidado das relações.
Nas vivências em grupo, dado que o ser humano é um ser social, o fato de a pessoa pensar, constantemente, a partir de suas interações, que está sendo avaliada ou que pode ser julgada pelos outros, faz com que o introvertido se feche ainda mais para não ser percebido, com medo de expor as suas deficiências e, no caso do extrovertido, ele é impulsionado para querer estar mais em evidência em relação as demais pessoas, com medo de passar despercebido. Assim, essa insegurança constante e inconsciente leva o indivíduo a querer se modelar socialmente a partir de uma força coercitiva, deixando ser dominado pela persona (máscara das aparências), deixando muitas vezes de ser a pessoa que de fato é, no seu estado de naturalidade introvertida ou extrovertida. O introvertido muitas vezes não fala o que está pensando e o extrovertido fala o que não está pensando. O indivíduo com seu estilo dominante extrovertido deseja inconscientemente a introversão recalcada ou reprimida. Já o introvertido deseja inconscientemente a extroversão.
O conhecimento do tipos psicológicos, contribui para estabelecer relações de confiança e de empatia nas relações, além de auxiliar do auto-desenvolvimento.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Relação de confiança e traição
Quando maior o compromisso e o amor, maior a possibilidade de traição. A traição começa no instante que o indivíduo trai a si mesmo. O indivíduo tem a capacidade de mentir, enganar e camuflar uma situação. Entretanto, como a realidade dói e dado que uma camuflagem perfeita é desconhecida, torna-se saudável não viver desconfiado e correndo atrás de uma mentira.
Confiar é saltar sem ter a certeza que o outro vai te segurar; ver e se deixar ver; olhar e se deixar olhar; sair de si para ver com os olhos do outro; ter relação una, difícil de se atingir em um mundo repleto de interações sociais.
Para Hillman, crê que o perdão de um requer a reparação do outro, que não deixa de ser uma submissão à traição, como tal, a sua realidade fatal transpessoal. Assim, ¨a confiança contém em si a semente da traição, a traição contém em si a semente do perdão. [...] Nem a confiança nem o perdão podem ser corretamente imaginados sem a traição. A traição é o lado sombrio de ambos [...].¨ (Hillman, 1981, p.95)
Nossa covardia, egoísmo, ambição, esperteza faz com que não o levamos a sério o amor e o perdão. A resistência ao amor faz com que o indivíduo queira se certificar se realmente vale a pena entregar-se para a relação; que vai ter que confiar e que a traição é um risco e que ele pode ¨queimar a mão¨. Uma coisa é certa, se não arriscar não terá como saber se a relação iria dar certo. Pode haver arrependimento por não experimentação ou pela frustração. Resistir ao processo de mudanças impede a realização de uma nova experiência. Entregar ao amor é fazer escolhas, sabendo que terá que fazer renúncias.
Quando se está competindo, pode haver trapaça que nada mais é que burlar as regras para o favorecimento pessoal, ou criar dificuldades para o seu oponente, ou denegrir a sua imagem, ou colocar ou retirar alguns recursos para criar uma situação de desigualdade a seu favor, ou provocar situações que o coloquem em vantagem. Independentemente das regras da competição, existem as regras da ética, moral e conduta. A consciência que se pode infringir tais regras ou normas é um sinal da predominância do poder. Segundo Carl Jung , "onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.".
Ao tempo que o indivíduo tem amor e dedicação a família e ao trabalho, espera-se que ele dê o melhor de si e crie relacionamentos de confiança. Há uma expectativa que nessa relação haja reciprocidade na forma de reconhecimentos, de reforços positivos, ou simplesmente uma demonstração de importância ou carinho. Onde há muita energia psíquica na expectativa de reciprocidade há cobrança e a contraparte torna-se a devedora. Para as partes, fazer após uma cobrança, torna-se uma responsabilidade ou obrigação de fazer, o que não é o mesmo que fazer pela sua própria iniciativa ou vontade.
Nasce também a afirmação ou o desejo de ser melhor ou de ser diferente. A comparação leva a concorrência. Onde há concorrência há competição ou disputa. Onde há disputa, há adversários. Onde há adversários, se está mais suscetível à traição. Onde há traição, há frustração e se não for resolvida, pode levar a vingança ou simplesmente ¨dar o troco na mesma ou em outra moeda¨.
Por outro lado emoções afins são compartilhadas e podem formar-se grupos que passam agir de forma coletiva seja em ataque, neutralidade ou defesa. De toda forma, ocorre colaboração intragrupo e intergrupos, reforçando e aprimorando as relações por afinidade de pensamentos, sentimentos, sensações ou intuições de objetivos ou propósitos em comum, dado que o indivíduo é um ser social.
Nessa relação, cresce o julgamento e nascem os conflitos. Nasce a vontade de querer mudar o outro até que um dia descobre que todos são iguais. Quando uma luz vem a sua consciência, e percebe-se que, na verdade, é si próprio que necessita de mudança. Segundo Carl Jung, "se há algo errado com o mundo, é porque tem algo errado comigo, e se quero corrigir o mundo, devo primeiro me corrigir".
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Função Trancendente
Um conteúdo para aflorar na consciência necessita ter energia psíquica. O que um dia passou pela consciência e vai para o inconsciente é possível de ser relembrado no cotidiano. O processo de criação e ampliação de consciência ocorrem de forma gradativo.
A função transcendente atua com o importante papel de trazer o conteúdo do inconsciente para o consciente e proporcionar a ampliação da consciência. Para tanto é preciso fazer a união dos opostos, cuja tensão causada leva ao conflito. Como o sistema psíquico é algo auto regulador, os problemas do consciente são muitas vezes solucionados com ajuda do inconsciente.
A função transcendente pode ser obtida através da personificação, a partir da representação em modo perfeito das nossas emoções, dando forma ou desenho aos sentimentos, às causas do problema/perturbação e aos obstáculos que nos impede de seguir em frente. Tem pessoas que conseguem expressar/desenhar as emoções através do movimento da dança. Esse desenho é a junção da formulação criativa (design ou estética) e pela interpretação (compreensão).
A partir do resgate de conteúdos que ultrapassam a vivência, buscando um sentido ou razão a aquela passagem e a sua relevância psíquica, é possível aumentar a possibilidade de conteúdos do inconsciente se expressarem e se formarem no consciente. Assim, a função transcendente é um processo do inconsciente o qual podemos propiciar um contexto para que ocorra a ampliação em sua plenitude na consciência, permitindo a integração da própria esfera consciente.. Só ocorre se houver a participação do consciente e do inconsciente.
Ao ampliar a consciência pode trazer um alívio, ainda que seja doloroso. Permite obter maior conforto racional de buscar uma justificativa aos nossos próprios atos. O melhor entendimento das causas ajuda a conhecer a si próprio, permitindo agir na correção ou ainda mitigar falhas de comportamento. Ajuda as pessoas a assumirem um posicionamento racional e consciente, formulando uma tese, inconscientemente, com a participação do consciente.
¨O velho Heráclito, que era realmente um grande sábio, descobriu a mais fantástica de todas as leis da psicologia: a função reguladora dos contrários. Deu-lhe o nome de enantiodromia (correr em direção contrária) advertindo que um dia tudo reverte em seu contrário.¨ (JUNG, CW 7/1, p.83). A função transcendente atua de forma similar que a enantiodromia, que é a propriedade que têm algumas substâncias em transformar-se em mais de um sentido ou forma, de forma reversível. A origem do significado é o movimento dos contrários (enantio) e com retorno ou volta (dromia). Do conflito (variação de temperatura e pressão) busca-se a harmonia. Tal qual, na função transcendente criar-se uma saída que contemple a ambos os polos, eliminando o conflito
O psicoterapeuta atua no sentido de vigorar a ação da função transcendente do paciente.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Sincronicidade
A sincronicidade é uma coincidência ou conexão acausal com impacto de natureza significativa onde é necessária uma alteração da energia psíquica que vem mostrar sinais de alguma coisa, onde meche com duas histórias, tirando o individuo da unilateralidade. Segundo Jung trata-se de uma coincidência significativa de dois ou mais acontecimentos maior do que uma probabilidade de acasos. (JUNG, 2014, OC 8/3, p. 111-112).
A Ciência está tendo que deparar com dois novos pressupostos, até então inconcebíveis, trazendo o indeterminismo e a incerteza. A premonição faz parte da sincronicidade. Não tem haver com o individuo ser sensitivo.
Quanto mais próximo as pessoas entre si, mais fácil para ter um elo intuitivo entre elas. Trata-se de uma espécie de empatia sensitiva, por meio do compartilhamento de dores e/ou de problemas.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Ego
O ego, ou o complexo do ego, representa o centro da consciência, ou da personalidade consciente.
O ego é um outro em nós. Ele se forma a partir das experiências pessoais da infância e vai se desenvolvendo ao longo do crescimento. O ego irá se relacionar com o self, ou o si-mesmo, ou Eu e identificar outro de mim que não deixa de ser Eu, se aproveitando desse outro quando houver identificação, incorporando-o no próprio ego. Não confundir o Ego, com o si-mesmo, com o sujeito, ou com o indivíduo.
O Ego põe a psique com fosse dele. Mas a psique é algo mais ampla e abrange o Si Mesmo / Self. Nem tudo fica na consciência. Existem conteúdos que ficam no inconsciente por falta de energia ou por ser um material desconhecido que passou pela consciência.
[...] Em pessoas normais, a instância psíquica mais importante é o complexo do Eu: é a massa de representações do eu que, em nossa opinião, vem acompanhada pela tonalidade afetiva, poderosa e sempre presente do próprio corpo. A tonalidade afetiva é um estado e afetivo acompanhado de inervações corporais. O Eu constitui a expressão psicológica de uma combinação firmemente associada entre as sensações corporais. (JUNG, 2013, OC 3, p.50).
O homem é criado com a imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1:26-27). O Ego é criado com a imagem e semelhança de Self. O ser humano possui o Imago Dei (Imagem de Deus), onde ocorre o empoderamento do Ego, identificando-se com a totalidade. O Ego inflado acha que é Deus. A inflação do ego é uma inundação de conteúdo cheio de energia mais forte do que a consciência individual.
Uma consciência inflacionada é sempre egocêntrica e só tem consciência de sua própria presença. É incapaz de aprender com o passado, de compreender o que acontece no presente e de tirar suas conclusões válidas para o futuro. Ela se hipnotiza a si mesma e, portanto, não é aberta ao diálogo. Consequentemente está exposta a calamidades que até podem ser fatais. Paradoxamente, a inflação é um tornar-se inconsciente da consciência. Isto ocorre quando a consciência se atribui conteúdos do inconsciente, perdendo o poder da discriminação, condição sine qua non de toda consciência. (JUNG, 2012, OC 12, p. 506-507).
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Self
O Self, ou o si-mesmo, representa o centro da personalidade total do indivíduo, do psiquismo global, a totalidade do ser humano. Em todos os polos, na vivência do dia a dia, há a necessidade de expressar a totalidade em uma divindade. É possível que o outro conheça sobre mim algo mais que eu mesmo não conheça. O self atua como você sendo a imagem a semelhança de Deus. Portando, Deus em você possibilita reconhecer a divindade.
O Self é o centro unificador da psique total (consciência e inconsciência) e ao mesmo tempo é o todo. O tempo todo ocorre a separação e a união entre o Self e o Ego. Trata-se de um processo constante e contínuo denominado de aspiração ascendente.
Assim, nada conhece a Si Mesmo, pois a consciência emerge da totalidade: - tudo que espero; tudo que querem de mim; tudo que sou; tudo o que venho fazer; para que, para quem. etc. Ao aumentar o foco da consciência caminha-se em direção a totalidade, mas também passa a conhecer a sombra.
O Self pode ser atingido quando ocorre o equilíbrio dos opostos: entre o bem e o mal, entre o masculino (própria consciência) e o feminino (anima), no homem; entre o feminino (própria consciência) e o masculino (animus), na mulher; entre o consciente e o inconsciente; no equilíbrio entre a vida consciente, entre a sua persona (ligada que é ao consciente), de um lado, e o seu inconsciente, de outro; quando integrou a sua sombra pessoal no seu consciente; quando conversou com sua sombra arquetípica; quando retirou as suas projeções de anima (ou animus); quando fez diálogo com o velho sábio (ou com a Grande Mãe), sem ter permanecido identificado com esses arquétipos, fazendo a distinção o que de fato é dele pessoal do que é arquetípico.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Persona
A persona atua como uma máscara que age como se fosse nosso próprio Eu, mas se trata de um personagem social e não a nossa essência. A persona é a própria construção da identidade do ser. É o seu lado que está iluminado e visível para a sociedade, que pode naturalmente ser observável. É a máscara que se veste e o papel que se desempenha no ambiente, mas de ação inconsciente, de modo automático em sua ação. (JUNG, 2013, OC 6, p.430)
A persona corresponde a identidade psicossocial manifesta. O indivíduo, na qualidade de ator, representa diversos papéis em sua vida pública ou privada, com várias formas de fazer-se representar em tais personagens, conforme contextos psíquico-sócio-culturais.
Jung define a persona como sendo um impulso arquetípico de adaptação à realidade exterior e à coletividade para servir de interface dos relacionamentos intrapessoais entre o ego e o mundo exterior.
Comumente, o indivíduo carrega uma personalidade, ou até mesmo assume uma identidade ajustada ao que de fato o seu Ego é em sua essência. É a forma como o Ego quer ser percebido ou reconhecido pela sociedade e pelas pessoas com o qual convive.
A persona pode ser aquilo que se acha ser, ou que parece ser, que gostaria de ser, ou ainda que se esforçar para tornar a ser. É aquilo que você quer que os outros pensem que é, embora não seja no todo, ou seja só em partes, ou que somente se identifica, sem de fato ser. Pode ser algo que os outros pensam que é, ainda que você desconhece ser. É o que se revela em sonhos na forma de conflito entre a persona e o ego.
A persona e a sombra se configuram não como o bem e o mal, mas como observável e oculto, aceito e recusado, expressado e reprimido. Persona é a luz da personalidade e a sombra é seu lado obscuro e essa relação de compensações gera constantes conflitos. Tem que reconhecer as personas e confrontar com a sombra. Somente fazendo amizade com a sombra se faz amizade com o self. (JUNG, 2013, OC 9/2, p.19-22).
O indivíduo pode grudar em uma persona de uma forma negativa, fixa, rígida e contínua, aprisionando o ego. A exemplo do advogado que mantém essa persona em quaisquer outros contextos, extrapolando a esfera profissional para o âmbito familiar, ou social. No caso hipotético, aquele que continua atuando como advogado de uma forma excessiva independente do contexto. Nas suas relações interpessoais (família ou comunidade) mostra-se como uma pessoa rígida, mais racional que emocional (prevalência da função pensamento), atuando na qualidade de advogado de defesa ou de acusação, conforme a sua conveniência e assumindo o papel de juiz para julgar ou manifestar o seu veredito final em relação a si ou aos outros.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Arquétipo
É um conjunto de estruturas ou padrões arcaicos e de comportamento primordiais que residem no inconsciente coletivo. Arquétipo é a designação com o qual indica certas imagens de natureza coletiva, que surgem como elementos dos mitos constituídos. O indivíduo o absorve na origem do inconsciente coletivo, transmitidos por herança e tradição. Podem ser reproduzidos naturalmente sem qualquer possibilidade de tradução direta. Exemplo: toda a mulher nasce com o arquétipo da maternagem como espiritualidade.
Pode-se poetizar sobre os arquétipos com base nas imagens, ações, características, comportamentos, funções. As semelhanças que encontramos e os paralelos que fazemos entre elas ocorrem porque em última instância tais imagens são constituídas de elementos comuns. O núcleo ou base de cada complexo é o arquétipo vivido em potencialidade. Conhecemos o arquétipo pelas suas manifestações. O material inconsciente entra confronto com que é vivido de forma consciente, onde nós encontramos no movimento de nosso tempo e de nossa história.
O núcleo ou base de cada complexo é o arquétipo vivido em potencialidade. Conhecemos o arquétipo pelas suas manifestações. O material inconsciente entra confronto com que é vivido de forma consciente, onde nós encontramos no movimento de nosso tempo e de nossa história.
A imagem é a forma de representação do seu conteúdo que preenche a essa estrutura. A título de exemplo, em analogia ao rio, o arquétipo seria o leito com toda sua estrutura e curso ou direção, enquanto a imagem seriam as águas em movimento que preenchem o rio.
Temos acessos às imagens arquetípicas enquanto projeções e personalizações encontradas nos sonhos, nos mitos nos contos de fadas, nas religiões, nas artes dramáticas e esculturais, nas peças publicitarias e nos relacionamentos humanos.
Os arquétipos são as formas típicas de conceber, de vivenciar e de reagir, da maneira de se comportar e de sofrer os retratos da própria vida. Os arquétipos são como se fosse o leito do rio em que estabelece a forma com que as águas seguirão no seu curso natural. Segundo o filósofo Heráclito de Éfeso ¨ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido pela dialética, a tensão e o revezamento dos oposto, Portanto, o real é sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários¨. Significa dizer que devemos aproveitar cada momento de vida como sendo único, pois certamente nunca viveremos da mesma forma, o rio nunca mais será o mesmo pois conteúdos diferentes serão vivenciados e o consciente e o inconsciente pessoal já terá sido modificado.
Os arquétipos são utilizados no marketing e publicidade para induzir comportamentos e desejos pelos consumidores. Ao associar na comunicação de venda um determinado arquétipo ao produto, o consumidor é capaz de reagir pela identificação com o arquétipo, chamando a sua atenção ao produto, despertando o desejo, a necessidade, ou vontade. A comunicação pode tocar sua alma a ponto de tornar-se um consumidor fiel à empresa ou aos seus produtos.
Quando uma pessoa vê, ouve ou percebe um arquétipo, determinados neurotransmissores e hormônios são produzidos pelo seu organismo, gerando emoções, depois sentimentos e provocando comportamentos. Isto tem uma tremenda implicação, porque a pessoa não tem a menor ideia da influência, que está recebendo daquele arquétipo. Ainda mais quando a percepção é inconsciente. Evidentemente a pessoa racionalizará o seu comportamento, criando e pensando em desculpas ou razões para determinado comportamento. Quando o arquétipo está associado a um determinado produto, inevitavelmente ela associará aquelas emoções e sentimentos com o produto associado. Isto se chama neuroassociação. Toda a percepção ocorrida num determinado momento será armazenada conjuntamente. Quando se vê um arquétipo positivo e um produto junto, nós imediatamente temos uma reação emocional e associamos esta resposta ao produto que está junto do arquétipo. O que pode não ter nada a ver com ele, mas para o cérebro isso não faz diferença. (COUTO, 2004, p.31)
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Complexo
O Complexo é uma estrutura da psique que segue um padrão histórico arquetípico, ou um agrupamento de ideias, ou atributos organizados em vínculos, ou uma imagem de elevada coerência interior, de uma determinada situação psíquica de conteúdo efetivamente acentuado, de forte carga emocional, de energia intensa, incompatível com princípios da consciência e que provoca alteração fisiológica capaz de perturbar e causar rupturas a ação da consciência.
O complexo manifesta-se ocupando o lugar do Ego, seja só ou em associação, sem a interferência e o conhecimento da consciência. O indivíduo, normalmente, não sabe que ele entrou em cena, mas ele é real. Os complexos atuam com grau elevado de autonomia com controle limitado da consciência. É constituído de um núcleo central e de um grande número de associações secundariamente associada. O núcleo é afetado pelo acontecimento vivido e pela pré-disposição, com fortes influências dos primeiros anos de vida.
Não são as pessoas que possui o complexo, é o complexo que toma a consciência das pessoas e deslocam-se ao centro da consciência, fazendo com que o indivíduo demonstre uma outra personalidade daquela sem o complexo. O complexo não é de todo bom ou de todo ruim. O complexo pode ser positivo e negativo, doentio ou salutar. O complexo passa a ser ruim a medida que frustra a pessoa, por considerar que se trata de uma falha do Ego em ponto de perfeição.
Nascemos com um conjunto de contextos que fazem com que os complexos se desenvolvam. O complexo é desenvolvido a partir de um conjunto de aspectos reprimidos no inconsciente pessoal que se forma pela falta de adaptação a um conjunto de possibilidades.
A base da psicossomática está nos complexos. Quanto mais se afastar do complexo mais ele toma. É a partir da intensidade que se vive um complexo que dá surgimento a sintomas. O complexo é a raiz e a base do transtorno.
Do ponto de vista do ego, existem as seguintes possibilidades de comportamento em relação aos complexos: inconsciência total do mesmo, identificação, projeção e confrontação que poderia levar a sua dissolução. Constelar um complexo significa que o mesmo entrou em ação, o que fez com que se invocasse uma necessidade de mudança e de autocontrole do seu comportamento. A constelação é um processo automático que ninguém pode deter-se por própria vontade. Faz-se necessário observar a situação da sua experiência e obter as percepções e associações existentes, com objetivo e contribuir para a sua dissolução.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Individuação
A individuação é um processo contínuo de ampliação da consciência, em que podemos tornar psicologicamente livres, possibilitando novas descobertas que mudam o curso do pensamento. Tais descobertas de si podem aflorar novas percepções ou vivências ao encontro da sua alma, da sua totalidade, ou de si mesmo, que inclui a imago-dei e seus preceitos de religiosidade. É unus mundus, unidos em suas partes, em que se forma a totalidade, sem medos, receios, angústias ou ressentimentos e sem os aspectos sombrios. Processo em que os conteúdos do inconsciente se tornam consciente, em sua função transcendente, onde o universo se realiza com a realização individual.
Todos os indivíduos que fracassarem nessa empreitada pessoal, em seu processo de individuação, que inclui a integração de conteúdos do inconsciente até então ocultos e sombrios, não somente estará contribuindo para as soluções coletivas universais sobre o dilema entre o bem e o mal, como também estará muito mais vulnerável aos contágios psíquicos dos aspectos sombrios da coletividade.
O ego recebe a recompensa do reconhecimento ético coletivo justamente à medida que consegue a identificação com a persona, em sua personalidade aparentemente coletivizada, pois essa personalidade aparente é expressão do acordo com os valores éticos e morais do coletivo. É importante buscar as raízes das pessoas, a influência das quatro últimas gerações para ajudar a determinar o seu comportamento em busca da individuação. Quem individua é o ego. Sai do EU para o NÓS e depois para o TODO.
A atitude na consciência surge durante o processo de individuação, em que o indivíduo vai ao encontro de si-mesmo ou de sua totalidade (que Jung denomina de Self), reconhece e conversa com seus aspectos sombrios, concilia com o sagrado, coloca em equilíbrio sua consciência na sua contraparte feminina ou masculina (que Jung denomina de anima ou animus), modela sua persona com base no seu eu autêntico, equilibra suas emoções, dissolve os seus complexos dominantes, transforma conteúdos do inconsciente em consciente e fortalece o seu Ego, seguindo adiante no firme propósito, no caminho definido pelo Self, de servir a humanidade.
A individuação é algo que é buscado e conquistado com muito esforço, não acontece automaticamente. O caminho da auto-realização exige a colaboração ativa do ego consciente. No processo terapêutico se busca fazer com que o paciente encontre o seu dom e aprenda a viver utilizando o seu dom em favor do bem comum. No processo de individuação (Unos e Mundos) não existe ser individuado de forma arquetípica.
A individuação é o que se busca, o que quer vir a ser. O self quer o sentido da vida e do significado, mas o ego procura impedir o progresso desse processo, pois nem sempre bate com o que o ego quer ser. Quanto mais se caminha para a individuação mais solitário se fica. Nas suas relações interpessoais, as pessoas ao seu redor passam a não compreender a sua consciência, cada vez mais sábia e evolutiva.
Assim, com reflexões cartesianas (Decartes) que culminaram em concepções dos autores fenomenológicos (Husserl, Sartre e Jung), conclui-se que somos livres para provocar as mudanças e transformações em nossas vidas, dando ouvidos a voz do amigo(a) terapeuta interno que se propõe a ajudar a ampliar a consciência, a trazer conteúdos novos ou até então inconsciente e a retirar o escudo da consciência para renascer um novo Eu transcendente e, juntamente com o si mesmo, possamos seguir adiante seguindo com propósito e trilhando em um processo de individuação contínuo que é fruto da nossa existência.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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publicado em 26/03/2020
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A Psicossomática
A psicossomática é o estudo dos efeitos de fatores psico-socio-econômico-cultural sobre os processos biológicos do corpo para o bem-estar das pessoas.
A abordagem da psicossomática tem um olhar íntegro do indivíduo inserido dentro do seu contexto orgânico, cultural, social e ambiental, em que a sua parte somática têm uma forte interação com a sua parte espiritual e psíquica. Apesar de ocorrer uma ligação predominantemente em uma delas, todas são afetadas. A perspectiva psicossomática da psicologia junguiana também poderia ser deduzida, basicamente, na teoria dos complexos com seus efeitos emocionais, e também na sincronicidade, como algo inesperado que incorreu ou irrompeu na vida e que necessita ser superado com a vivência da doença, na tentativa de lidar com o destino.
Um aspecto essencial do complexo é a emoção, e ao experienciar as emoções fisicamente, elas exercem influências no nosso corpo. Elas ocorrem quando o indivíduo entra em contato com a sua subjetividade, momento que aflora o seu ponto de vista pessoal em seu espaço íntimo, retratando vivências e registros daquilo que é pessoal e que não vai ser generalizado. Produz-se respostas afetivas à estímulos, os quais provocam fenômenos.
A emoção é um impulso neural que move um organismo para a ação, movimento, comoção, ou gesto, em que ocorrem reações expressadas de dentro para fora. São exemplos de emoções primárias: raiva, alegria, surpresa, nojo, tristeza e o medo. A título de exemplo, o medo é a expressão de emoção que ativa o instinto de sobrevivência e provoca a liberação de adrenalina e cetilculina pelo sistema límbico e corticoides pela hipófese, gerando energia para realização de tarefas de forma impulsivas e certas ocasiões automáticas. As emoções atuam como motivadores poderosos da conduta humana. Aquilo que nos afeta emotivamente a memória guarda. As situações vivenciadas pelo indivíduo são processadas e envolve avaliação e escolhas, ou seja, a decisão de qual ação deverá ser encaminhada em detrimento de outras, ou ainda do método de enfrentamento a ser empenhado.
Neste processo de estar continuamente tendo que fazer escolhas, o ser humano cria, represa, carrega e esconde as suas emoções do dia a dia. A unilateralização da consciência provoca uma compensação pelo inconsciente com energia para que os complexos atuem de forma autônoma, sem interferência da consciência. O complexo é ativado no indivíduo no instante em que o Ego é por ele dominado, pois perde a racionalidade e a liberdade das atitudes e dos comportamentos. O Ego é aprisionado em pensamentos obsessivos com ações compulsivas. Quando há uma forte concentração de energia em um complexo, ele age absorvendo a energia de outros complexos mais fracos.
Chega então um certo momento de vida em que o corpo manifesta a sua rebeldia pela frequência que tais disfunções ocorrem. Como se a psique e o corpo estivesse cansando de trabalhar por uma causa imprópria que levará ao desgaste psiquicosomático. Reage com a linguagem dos sintomas. Ou seja, o corpo enquanto mecanismo de defesa tenta colocar para fora as emoções que o corpo esconde por meio de diversos sintomas, tais como tremores, distúrbios gastro-intestinais, dores abdominais, enxaquecas, alergias, etc...
Quando a consciência não interpreta esses sinais desses sintomas, de forma tempestiva, uma doença mais séria surge, com objetivo de fazer com o que o indivíduo repouse e, assim, recomponha o equilíbrio de todos os sistemas.
Todas as doenças são de natureza psicossomáticas. Não é à toa que muitas delas ocorrem ou se desenvolvem a partir de deficiências no composto integrado psico-endocrino-imunológico. A cura da doença não é o paliativo da eliminação dos sintomas e, sim, está em algo muito maior. A cura tem a pretenção de solucionar a causa-raiz do problema ou naquilo que deu origem ao estado de vulnerabilidade. O remédio surge durante o processo de transformação da alma, tendo como início a mudança de atitude da consciência. Para estar curado o indivíduo necessita estar na sua plenitude psicológica.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Sintomas
Como cada indivíduo é singular e possui as suas próprias representações da realidade, o tratamento não tem uma receita pronta, o que exige uma habilidade muito grande do terapeuta em acolhe-lo: - Qual a sua dor? O que ela te afeta? Que tipo de sofrimento provoca? Como ele reage perante a ele? Como ocorrem isoladamente ou em associação?
A terapia foca no cuidar do paciente e não diretamente tratar da doença eliminando os seus sintomas. Para tanto, o diagnóstico é útil para direcionar o processo terapêutico. Caberia antes uma análise integrativa, a exemplo de avaliar como essas alterações funcionais relacionam entre si e quais as associações pode-se fazer dentro de seus contextos bio-psiquico-socio-cultural.
A existência dessas alterações das funções psíquicas estão está sempre vinculada com a forma de vida do paciente, dentro da sua realidade psíquica total. Assim, faz-se necessário compreender o indivíduo dentro da sua realidade. A partir da interoperabilidade dos sintomas com os seus contextos que seria possível modelar as estruturas resultantes para melhor compreender o indivíduo dentro de uma perspectiva holística, dando sentido aos fenômenos patológicos que se manifestam, tanto na psique como também no corpo.
Por exemplo, nos fenômenos relacionados a transtornos psico-orgânicos, as seguintes funções são as mais afetadas: nível de consciência, atenção, orientação, memória, inteligência e linguagem. Já nos transtornos afetivos, neuróticos e da personalidade, as seguintes funções são as mais afetadas: afetividade, vontade, psicomotricidade, personalidade e atenção. Já nos transtornos psicóticos, as seguintes funções são as mais afetadas: sensopercepção, pensamento, juízo de realidade, vivência do eu e linguagem. (Dalgalarrondo, 2008).
Das interações e aspectos biológicos, psíquicos, sociais e culturais, o indivíduo cria um conjunto de experiências de vida que se formam no consciente ou no inconsciente pessoal. As relações vividas provocam conflitos internos e externos carregados de energia psíquica, onde uma carga emocional ou afetiva é vivida de forma muito intensa, com os comportamentos padrões que envoltam um determinado núcleo arquetípico, dando origem aos complexos.
Dado que o complexo pode se manifestar de diversas maneiras, é necessário que seja tratado pela sua periferia. Para cuidar do complexo faz-se necessário conversar com ele e resgatar do inconsciente alguns fatos ou passagem, entendendo o que aconteceu, mediante análise redutiva de buscar uma explicação para o trauma. Faz-se necessário entender o arquétipo, identificar e simbolizar o ser finalista e sintético na sua essência e individualidade. De outra forma, é buscar um sentido relevante a vida, aproveitando as oportunidades sincrônicas que a vida oferece.
Tais emoções acabam sendo somatizadas, ou seja, ocorre a transformação de conflitos psíquicos em afecções de órgãos ou problemas psicossomáticos. Assim, surgem as expressões criativas e os sintomas. O indivíduo precisa reagir e ressignificar a consciência que tem o Ego em seu núcleo central, para que assim esteja pronto para caminhar rumo aos seus ideais e propósitos de vida apontados pelo Self.
Não há como separar o corpo e a alma, a psique e o soma, a matéria e a energia, pois são partes inseparáveis. A separação é para mero estudo, mas não no sentido da compreensão. O corpo é a dimensão simbólica estruturante da consciência imprimindo características espaciais, temporais e de causalidade. O desafio é aprender a ler os sinais que o corpo humano, que trabalha intensa e continuamente, está tentando nos avisar que existem disfunções. Existem alguns sinais de que existem disfunções, tais como: úlceras, hemorroidas, alterações na pressão arterial ou na parede dos vasos sanguíneos, doenças renais, inflamação do aparelho gastrointestinal, diarreia, prisão de ventre, afecções dermatológicas, alergias, artrites reumáticas. perturbações sexuais, queda da imunidade, asma , bronquite, síndrome hipostênica, etc....
A alteração disfuncional com ou sem lesão, ou seja, a partir de uma atuação de complexo que possui uma elevada carga emocional, pode desencadear diversas ações coordenadas pelos sistemas nervoso, endócrino e imunológico. Chega um instante em que o corpo irá manifestar-se com sintomas na tentativa de alertar a psique que há algo de errado a ser trabalhado. Os sintomas surgem principalmente quando ficamos especialistas e fissurados no objeto externo e deixamos de olhar para dentro de si, na sua essência psíquica e no equilíbrio da sua natureza primordial, na sua totalidade.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Evolução da Doença
Quando um indivíduo apresenta um quadro de disfunção no organismo ele apresenta sintomas isolados, a exemplo de uma dor de garganta decorrente de uma amigdalite, curada ao tomar um antibiótico.
De forma contínua, surgem outras disfunções: quando tem coriza e o nariz escorre ele toma um anti histamínico, quando está com dor de cabeça toma um analgésico, quando tem náuseas e vômito toma um estimulante digestivo e limpeza do fígado, etc.
Até que surge um quadro de insônia e hipertensão em que toma um antidepressivo. Percebe-se que ocorre um processo de melhora e piora contínua, pois o problema de natureza psíquica não foi tratada na sua raiz.
Sem tratamento adequado, da disfunção vem o quadro de lesão, onde, normalmente, ocorre una alteração celular, a exemplo de uma hipertrofia da amígdala em que o paciente faz uso de remédios a base de corticoide.
Surgem sintomas a partir de fatores desencadeantes do complexo, a exemplo de dores abdominais, dores no peito, sudorese, alterações na pressão sanguínea. O estresse provoca a diminuição dos glóbulos brancos. Com menos linfócitos o paciente apresenta quadros de infecções contínuas, causadas bactérias que estão presentes no organismo, mas que antes estavam em um situação controlada de equilíbrio.
Sem os linfócitos, crescem as doenças infecciosas, alérgicas e neoplasias. O paciente ao fazer exames laboratoriais identifica a presença de agentes nocivos de agravamento da doença, a exemplo de esteatose hepática, insuficiência coronarianas, quando o médico recomenda, além de remédios, a mudança no estilo de vida.
Sem cuidar do problema na sua raiz, o paciente parte então para um quadro de destruição, a células reproduzem com alterações, a exemplo do câncer.
Seguindo no mesmo exemplo, o paciente agora viria a apresentar um quadro de fortes dores de garganta, presença de infecção e de aftas, o que levaria a fazer uma biopse e identificando que ele tem um câncer de garganta.
Suas defesas do sistema imunológico são baixas e não atuam como deveriam, passam a agir de forma destrutiva com surgimento de doenças auto-imune. As dores no peito já provocam desmaio. O coração, que já apresenta batimentos anormais – disritmia, necrosa, e esse paciente agora está prestes a ter um enfarto agudo do miocárdio.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Sistemas Funcionais do Corpo Humano
Na relação entre a mente e corpo o equilíbrio do estado psico-endocrino-imunológico é fundamental para a saúde do indivíduo. Existem três sistemas: o sistema nervoso (mente e cérebro que reúnem informações elétrico e químico) o sistema endócrino (relação entre órgãos através dos hormônios – através da circulação vão para todo o corpo) e o sistema imunológico (responsável pela defesa do organismo).
O sistema nervoso central, composto pelo cérebro, cerebelo, medula espinhal, órgãos dos sentidos, é a parte do corpo humano responsável em preparar o corpo para interagir com o meio externo. O sistema nervoso autônomo é responsável pelo controle das funções internas do organismo, a exemplo da musculatura involuntária.
O cérebro tem a responsabilidade de distribuir as informações com maior ou menor premência possível. A parte esquerda do córtex frontal é responsável em direcionar o foco para o que é mais importante, recebendo estímulos e fazendo com que haja reações automatizadas para julgar, escolher e fazer a ação correta. A título de exemplo, em uma situação estressante, as emoções são percebidas pelo hipotálamo que se comunica com a glândula hipófise, efetuando a liberação de hormônios, tais como a adrenalina e a acetilcolina, responsáveis pelo controle de algumas funções do organismo e que também podem ser responsáveis por desencadear doenças. O componente periférico do comportamento é percebido pela fisionomia, ou expressão corporal e pelas reações fisiológicas associadas.
Quando ocorre a liberação de acetilcolina, pelo sistema nervoso autônomo parassimpático a musculatura lisa dos pulmões, do intestino e da bexiga contraem e ocorre a respiração menos acentuada, diarreia, incontingência urinária, os movimentos dos músculos são contraídos e enrijecidos, a frequência cardíaca diminui com a vaso dilatação, cai a salivação e a sudorese, a comunicação cerebral aumenta, a memória e a cognição acentuam, a pupila retrai e a pessoa fica entra em um estado de paralisia.
Quando ocorre a liberação da adrenalina pelo sistema nervoso autônomo simpático o indivíduo vivencia uma situação de medo ou perigo em que há a reação de fuga ou de enfrentamento. Aumenta o suor, o coração bate rápido, a circulação aumenta, ocorre uma bronco dilatação e a respiração aumenta, há quebra de glicose do fígado e o desvio de energia de órgãos não impactados, a pupila dilata, o foco no cérebro para aumentar o reflexo e maior força e movimentos musculares e a pessoa entra em um estado de agitação.
Há uma certa alteração disfuncional no sistema nervoso, endócrino e imunológico sempre que um complexo constela, ou seja, entra em operação, sugando uma elevada carga energética com uma forte explosão emocional. Neste estado, são desencadeadas diversas ações coordenadas por esses sistemas.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Psicogênese das doenças do trabalho
O indivíduo sofre quando trabalha com atividades que não são adequadas dentro de um contexto mental e orgânico (psíquico-motricial) que impede ou impõe limitações para responder com uma boa produtividade e motivação.
O modelo de esteira de produção, por mais eficiente no tocante ao aumento de produtividade e qualidade do ponto de vista do processo, traz limitadores de desenvolvimento da consciência. A medida que o indivíduo se aproxima de um trabalho robotizado com baixos níveis de interações cognitivas, deixa de exercitar e de fazer uso de suas habilidades criativas, de raciocínio, de sua capacidade critica, pensante e transformadora para caminhar no propósito de inovação. Neste ambiente, o indivíduo está mais propenso ao esforço repetitivo, à fadiga e ao estresse.
Segundo Scharmer, o maior risco de adoecimento laboral não é mais por acidente de trabalho e sim pelo estresse. Os sintomas surgem em decorrência da carga excessiva de trabalho e pela insegurança e inferioridade na relações sociais, além do risco do desemprego.
Existem algumas situações ou gatilhos que ativam complexos e contribuem para surgir ou agravar doenças psicossociais no trabalho. Em paralelo, existem sentimentos que são disparados em função desses gatilhos. Ambos referem-se à percepção do trabalhador quanto à existência de um ambiente de trabalho hostil, ou da necessidade de superação não somente das metas impostas por si mesmo e pela organização, mas de vencer a batalha no contexto dos concorrentes interna e externos.
Tais situações são causas geradoras de estresse, ansiedade e sobrecarga de trabalho, pois provocam emoções negativas reprimidas vivenciadas repetitivamente (contínuas ou reincidentes) diante da pressão e da submissão à relação de poder existente no trabalho, em que hora no papel de subordinante hierárquico, hora ano papel de subordinado (líder ou liderado), face a face se vê como elo fraco na relação, com sentimentos reprimidos, ou emoções explosivas, mas dominado pelo complexo.
Tais situações ou gatilhos referem-se às relações entre duas ou mais pessoas, gerando conflitos no contexto de trabalho (funcionários, clientes, fornecedores, acionistas, etc), transbordando para outros contextos, principalmente o familiar.
Alguns exemplos de gatilhos: trabalho excessivo; ampliação contínua da jornada de trabalho; ser afastado ou rodiziado de determinada equipe sem saber os motivos; sempre chegar atrasado; não ter autonomia do controle do próprio tempo; trabalho noturno; ambiente insalubre; trabalho com esforços repetitivos; pressão excessiva das lideranças; cobrança de algo não acordado; metas inalcançáveis; duplo comando; comando contraditório; falta de clareza no que é esperado do funcionário; falta de envolvimento na tomada de decisões; falta de controle e planejamento na execução das atividades; processo de mudanças ineficiente; planejamento que não se segue; não cumprimento de leis trabalhistas; salário baixo ou inferior ao mercado; fazer por obrigação aquilo que julga não ser a coisa certa; não ser ouvido; impedimento em expor suas ideias; feedback inapropriado; falta de segurança no trabalho; ergonomia imprópria; desqualificação de terceiros do seu trabalho; fuxico e difamação pessoal; falta de apoio das lideranças e dos colegas mais experientes; receber advertência; ser avaliado de forma insatisfatória; receber ameaça; ser coagido a fazer algo que não deveria; ser demitido; demitir alguém; assistir às pessoas venderem o seu trabalho ou ideia como se elas fossem delas; assédio psicológico ou sexual; existência de privilégios para uns em detrimentos dos outros; ver que os puxa-sacos trabalhar menos e se darem melhor; não ser convidado para confraternizações externas; falta de critério claro ou de divulgação no processo de ascensão profissional; engolir desaforos de cliente, chefe ou terceiros; ver coisas erradas acontecerem e não poder fazer nada; falta de conhecimento das estratégias;
A ansiedade responde então ao ritmo de trabalho, de produção, à velocidade e, através destes aspectos, ao salário, aos prêmios, à bonificações. A situação de trabalho por produção é completamente impregnada pelo risco de não acompanhar o ritmo imposto e de ¨perder o trem¨.¨(DEJOURS, 2015, p.95)
¨Ao lado do medo dos ritmos de trabalho, os trabalhadores falam sem disfarces dos riscos à sua integridade física que estão implicados nas condições físicos, químicos e biológicos de seu trabalho. [...] A grande maioria tem a impressão de ser consumida interiormente, desmanchada, degradada, corroída, usada ou intoxicada. [...] O medo, seja proveniente de ritmos de trabalho ou de riscos originários das má condições de trabalho, destrói a saúde mental dos trabalhadores de modo progressivo e inelutável, como o carvão que asfixia os pulmões do mineiro com silicose.¨ (DEJOURS, 2015, p.95)
Dejours agrupou os componentes de ansiedade em três itens de classificação. A primeira delas refere-se à degradação do funcionamento mental e do equilíbrio psicoafetivo, uma desestruturação das relações psicoafetivas entre os colegas de trabalho e a hierarquia. A necessidade de descarregar a agressividade contamina as relações, levando ao consumo do álcool para atenuar a tensão interna. Ou ainda leva o trabalhador à esclerose mental, de paralisia da imaginação, de regressão intelectual, de despersonalização. A segunda refere-se a ansiedade relativa à degradação do organismo, às ameaças à integridade física, ou seja, decorrentes de agentes que colocam o corpo em situação de perigo, que reduz o período de vida e causam doenças psicossomáticas. A terceira é a ansiedade da morte gerada pela ¨disciplina da fome¨, o sofrimento mental que não pode ser ignorado, permanece diante de seus postos de trabalho em contínua de ameaça, com o enfrentamento permanente em regime de sobrevivência. (DEJOURS, 2015, p.99-101).
A psique atua como um sistema autoregulador com função de complementar e subsidiar a consciência, otimizando a energia para o seu funcionamento ótimo e saudável, impedindo que afetos e emoções possam interferir em sua atividade dirigida. Porém quando as atividades autoreguladoras não funcionam a contentam, entram em campo as estratégias de defesa, que servem para manter-nos afastado do perigo. Quando entramos em contato com o sofrimento, mecanismos de defesa entram em ação com a finalidade de proteger o indivíduo para adaptar-se ao meio, entretanto, pode também provocar a sua alienação. Atua diante de dois jogos de defesa: a repressão ou a sublimação das pulsões, buscando em suas relações o devido conhecimento.
Dentro do contexto organizacional, principalmente diante da sensações de instabilidade e insegurança, apresenta sofrimento decorrente das relações sociais com superiores, pares e subordinados. Tem sofrimento diante das condições impostas pela organização, ou do redesenho do trabalho, que fazem com que o trabalhador perca seus desejos no seu inconsciente.
Existem alguns sentimentos vivenciados que podem crescer de forma exponencial após a incidência de um ou mais desses gatilhos: arrependimento; rejeição; abandono; ansiedade; angústia; desmotivação; melancolia; baixo senso de pertencimento; baixo propósito; preguiça; negatividade, resiliência com resistência às mudanças; frustração; desinformação; desconhecimento; inaptidão; incapacidade; impotência; inexperiência; vontades ou desejos reprimidos; vergonha; desconfiança; culpa; traição; enganação; injustiça; impunidade; de que nada dá certo; pessimista – de que tudo vai dar errado; dentre outros.
Todos perdem quando a saúde do trabalhador está inabilitada. A doença interrompe a capacidade produtiva e criativa. Pioram os indicadores de absenteísmo e de presenteísmo. A empresa que não cuida do seu capital humano está fadada a ter sérios problemas de saúde financeira, podendo, inclusive perder sua energia vital ou distanciar-se da sua função social e do propósito de servir a humanidade.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Psicoterapeuta | Coach | Mentor | Consultor
(citar fonte em caso de reprodução)
Anima e Animus-
Complexo Materno e Paterno
O inconsciente do homem encontram-se expressões como uma personalidade interior feminina: a Anima. No inconsciente da mulher, esse aspecto é expresso como uma personalidade interna masculina: o Animus. Anima é a contraparte feminina no masculino. Animus é a contraparte masculina no feminino. Apesar de os dois termos se referirem à parte da personalidade, ambos são também arquétipos e estão enraizados em nosso inconsciente coletivo. Anima e animus são psicopombos que fazem a conexão entre o consciente e o inconsciente.
O feminino possui um poder misterioso que decorre do seu poder de procriação. A imagem do feminino está ligada a Gaia, mãe terra (Grande Mãe). A delicadeza e a sensibilidade pelo cultivo da terra (plantar e colher) é um dom do feminino e ajudam a entender a sua psique. A imagem da Deusa da Grande Mãe evolui para a Senhora dos animais, aparecendo com uma flecha na presença de um animal de caça. A Deusa Demeter é a Deusa da agricultura, colheita, grãos, terra cultivada, natureza e estações do ano, representando a Mãe, não mais a esposa. A Deusa Hécate tem poderes nos três mundos: do céu e da terra; dos mares e do submundo.
Na mitologia, o masculino de Orpheus é protetor. Sua lira acalmava as brigas que aconteciam nas suas viagens de navio. Para os homens, transmite o elemento da divindade de como o mundo foi criado (cosmonotonia). Vislumbra primeiro a necessidade de desenvolver o masculino para depois poder integrar a sua contraparte feminina. Enquanto isso não acontece, rejeita-se o feminino. Sua energia é intuitiva e move-se para frente, mas quando dirige seu olhar para traz, significa uma forte dúvida em relação as suas intuições.
Filhos de Poseidon, são pais ausente, distante, sonhador, movido a fantasias de cunho religioso, embriagado, preocupado em salvar o mundo e é incapaz de cuidar bem dos seus filhos. A vida exige foco e cuidado para saber onde emprega melhor o seu tempo e o seu dinheiro e onde direciona a sua alma. Filhos de Zeus são os garotos mimados, seguem os passos do pai, tendem a se espelhar sempre neles e agem como Puer. Por outro lado, podem compensar a falta de limites e senso de realidade para se tornar rígidos (Cronos). Filho de Neturno tem sérios problemas com limites. Filho de Hades tem facilidade para viciar-se em drogas, ou carregam graves violências vividas, sejam físicas ou morais.
Filha de Urano busca o pai em outros homens: chefe, professor, namorado, marido. Filha de Cronos é frágil ou a rígida, filhinha do papai ou herdeira da empresa, a acomodada ou perfeitinha, hiper-eficiente. Filha de Zeus é a namoradinha do papai, a puella, podendo ainda desenvolver o aspecto Cronos que o pai não apresenta: rígida, excessivamente madura, com auto-cobrança. Filha de Neturno tende a fantasiar os homens, buscam homens perfeitos demais que cuidem delas, é hiper vigilância, mas podem escolher homens que as aprisionam e as prendem na torre (Cronos). Filha de Hades são mulheres que carregam as marcas da violência masculina e podem sentir atração por homens violentos.
O homem considera uma virtude reprimir da melhor maneira possível seus traços femininos. Analogamente, a mulher, até há pouco tempo, considerava inconveniente ser varonil.[...] O homem em suas escolhas amorosas, sente-se tentado a conquistar a mulher que melhor corresponda a sua feminilidade inconsciente: a mulher que acolha prontamente a projeção da sua alma. (JUNG, 2015, OC 7/2, p. 79).
O homem busca na mulher 4 elementos na sua relação com a sua contraparte feminina, ou anima: a) Eva: Se encanta com a sexualidade, busca amparo para transgressão (busca encontrar uma mulher que é a projeção de Eva dentro dele); b) Helena: Mulher parceira; vai para a guerra junto; vai tecer e dar apoio; construir; transformar e vibrar junto; c) Maria: oferece cuidados; proteção; quem nutri; pessoa fiel e d) Sofia: sábia, reflexiva, dá amplitude de consciência.
Os mistérios do feminino são singulares conforme os eventos: nascimento, menstruação, concepção, gravidez, sexualidade, climatério e morte, passando pelos processos de preservação, formação, alimentação e transformação.
A mulher busca no homem 4 elementos na sua relação com a sua contraparte masculina, ou animus: a) herói: sensação de libertação de sua realidade psíquica: de estar perseguida, corre risco e aprisionada e de tirá-la da sua prisão laboral, econômica, físico e social, em busca de romper as barreiras para ir ao mundo e ser tornar uma eterna mulher livre; b) Pai: capacidade de sentir segura para acolhê-la; c) Filho: se sentir capaz de cuidar para se sentir útil. O homem puer; d) Sábio: para que possa admirá-lo.
Precisa-se apaixonar primeiro pela sua contraparte (animus / anima) para permitir-se apaixonar por terceiros, evitando que se exija a projeção do animus ou anima na pessoa com quem se deseja estabelecer vínculo afetivo.
No complexo materno, o indivíduo (homem ou mulher) assume, de forma energicamente excessiva, papéis que são intrínseco da mãe: de uma mente cuidadora, nutridora, carinhosa e materna. A sua sombra é extremamente forte. É preciso libertar a energia psíquica da concepção afetiva do seu núcleo materno. Faz necessário superar os traumas e manter os aspectos positivos que se aproxime do mãe arquetípico que colabora com demais arquétipos.
O complexo paterno na psique feminina atua no animus da mulher, o que a faz ela sentir-se muito ligada ao pai, muitas vezes perdida e autoritária. O complexo paterno é algo ao mesmo tempo numinoso e sombrio. Sobre o mesmo elemento, tanta força e ameaça, tanto amor e ódio preso em um mesmo complexo. Ser igual ou diferente ao pai e tê-lo sempre como referência, dificulta encontrar a sua própria referência de quem você é e de quem você quer ser. É necessário conhecer a si próprio e encontrar o seu jeito de ser a partir da evolução da consciência rumo a individuação.
O animus da filha é comumente influenciado pelo animus da mãe. A mãe enquanto esposa buscou no marido o espelho do seu animus. Assim marido possui uma personalidade bem próximo ao animus da sua filha e da sua esposa. Motivo pelo qual a identificação com essa contraparte masculina na figura do pai sempre é muito forte.
Quando o indivíduo é tomado pelo complexo materno ou paterno é importante identificar: - Como o indivíduo lida com a maternagem ou paternagem? Com ele lida com a dimensão da sua persona? Como isso lhe afeta emocionalmente? Quais os cuidados que se manifestam em relação a si e aos outros? Como você seria mãe ou pai de você mesmo? Como você percebe a sua mãe ou seu pai? Quais desses aspectos estão na sua persona ou na sua sombra? Eles fazem oposição ou sinergia? O que está sendo reprimido no consciente? O que se almeja no inconsciente?
A análise e conhecimento de forma consciente de como os complexos atuam, ajudaria a resignificar determinados conteúdos do passado, daria a oportunidade de outros complexos se manifestarem, ou seja, deles fazerem o uso equilibrado da energia psíquica, o que ajudaria a dissolver o núcleo de um complexo dominante que se unilateralizou na consciência.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Religiosidade
Segundo Jung, todos os indivíduos trazem consigo problemas decorrentes da sua integração religiosa, sejam decorrentes da relação de suas crenças, doutrinas e práticas com a divindade (religare) ou seja decorrentes do seu processo de transformação espiritual, que pode mudar o seu caráter e a sua forma de pensar e agir.
O Símbolo é o sentido da melhor expressão do inconsciente. A linguagem simbólica é um conceito junguiano para consolidar o diálogo intra-religioso da sabedoria religiosa. A principal preocupação é evitar os reducionismos no estudo da religião, ou seja, reduzir o outro pela sua visão. A compreensão do outro é cada vez mais, a compreensão de si mesmo.
A essência do ser pode ser encontrada no numinoso. O numinoso coloca o indivíduo em estado de ser criatura rendida por algo maior, frente ao mistério fascinante do Sagrado. Ruma ao encontro com uma fonte espiritual transcendente em que o Ego é tomado por uma força imensa, que o deixa em estado de graça. É como um símbolo que emerge do inconsciente renascendo dentro de si, representando o encontro surpreendente com Deus Face a Face.
A sensação do numinoso é algo imenso que o toma e produz uma modificação especial na consciência. Se a experiência for bem vivida ela produz efeitos transformadores para iluminar a consciência para achar um caminho, mudando a forma de pensar.
A carga numinosa induz e leva o indivíduo para onde ele quer, pois o numinoso abre um canal de comunicação entre Self e o Ego, possibilitando enxergar que está fora da rota, de estar aberto a um novo olhar, com uma nova percepção da consciência antes desconhecida. Constitui uma nova condição do sujeito independente da sua vontade. O numinoso pode ser a propriedade de um objeto visível ou o influxo de uma presença invisível que produzem uma modificação especial da consciência.
Quando estamos fascinados com uma ideia, quando percebemos quando tudo acontece estamos sob a ação da força do inconsciente. A ideia de sustentabilidade emerge do inconsciente coletivo. As ideias que transcendem a nós mesmos, são as ideias numinosas que revolucionam.
O religioso é uma atitude do espírito humano. A religião, as crenças e as ideias das pessoas proporcionam a resignificação da alma, ou seja, trazem para a formação da sua realidade as representações simbólica, cujos símbolos religam dentro de um sistema psíquico, tudo o que você foi, é e será. O símbolo é poderoso e traz em si toda uma história. Deles, emergem os sentimentos de angústias, críticas e afetos.
A religião é uma condição fundamental do ser humano, pois simbolicamente proporciona ou ajuda a compreender o comportamento humano, o porquê de suas reações. A racionalidade e a experiência têm uma tensão produtiva e traz o conhecimento de quem somos.
A divindade com a inteligência da função religiosa, proporciona que o Ego entre em contato com o Self (símbolo do Imago Day). A função religiosa atua como instinto na compreensão de certos fatores que atuam sobre o ser humano e dão sentido a própria existência, que é a própria psique.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Alquimia
A alquimia é a arte e a ciência que busca a transformação do corpo e da mente, com fins de converter as pessoas que a pratica em um canal cristalino para uma nova consciência.
Os alquimistas são gnósticos que acreditam que a lógica do conhecimento amplia a consciência e ajuda a compreender Deus. O alvo é a pedra filosofal, objeto ou substância lendária com poderes incríveis, capaz de transformar qualquer metal em ouro.
Na opinião de Jung, desde que surgiu a tradição alquímica, o espirito humano buscava uma radical transformação espiritual da alma e também uma sutil alternativa compensatória à imagem de Cristo com o mais volátil espírito de Mercúrio, como lançar uma ponte sobre o abismo que separa os dois diferentes mundos psicológicos. (JUNG, Estudos Alquímicos, CW 13, p. 295)
Os alquimistas sobreviveram a inquisição por meio de registros em símbolos (de como transformar chumbo em ouro). Se a pedra bruta do ouro entra em contato com o mercúrio há uma fusão e com aquecimento do fogo o mercúrio evapora, onde suas impurezas são expelidas à natureza e restando a joia pura lapidada. O analista age como o mercúrio, fazendo com que o cliente seja lapidado e a sua pureza aflore como uma joia.
Hermes é o mensageiro do reino dos mortos, psicopompo (guia a alma dos mortos ao submundo), é astuto e esperto. Deus dos esportistas, psicoterapeutas, ladrões, prostitutas, comerciantes. Está associado ao Deus Mercúrio na mitologia romana. Tal qual o mercúrio, o Deus Hermes é o terapeuta no processo de análise: ele ata e desata, prende e liberta, doa e rouba, abre as portas, permite ou não a entrada.
Surgem os princípios herméticos que procura a contemplação, o espiritual e a transmutação mental (processo alquímico de individuação) tal qual os elementos podem transmutar de grau em grau, de condição, de polo, etc.
Segundo Jung, o processo cíclico alquímico permeia as seguintes etapas:
A partir das etapas do processo alquímico podemos identificar três estágios importantes: nigredo, albedo e rubedo.
O Nigredo nega a realidade em si, projeta no outro e nega no outro. O homem contemporâneo vive o aqui e agora sem capacidade reflexiva e sempre nega a nigredo, principalmente quando se entrega: ao poder (prazer), à riqueza e ao prestígio (vaidade).
O Nigredo com poder vai para a albedo. O medo leva o ego a sua pequenez, a sua transitoriedade. O ego inflado com poder pode superar o medo, por não encontrá-lo, e não se vive a vida.
A reflexão sobre a morte (nigredo) faz o renascimento da nova consciência (rubedo). O processo de análise é um processo de ruptura de padrão, de mudança de paradigma. Toda vítima externa na consciência tem um algoz interno no inconsciente. A análise tem que conversar com esse algoz.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Complexo Herói
O arquétipo de herói representa o mais nobre símbolo da energia vital ou libido. Simboliza essa dinâmica e movimento que se dá através da estrutura psíquica.
O papel do arquétipo de Herói é o de desenvolver a consciência através de suas próprias forças e fraquezas. Ao longo do seu desenvolvimento é necessário entender o ser, de reafirmar o Ego, atuando também na sua formação. Na sua psique, o Herói tem o poder de fazer o que quer. É atraído pelo arriscado, difícil e o perigoso, é o perseguidor de ilusões (fantasias no sentido de imagens reais do inconsciente), ou ainda, de uma ficção eterna. É o ator da transformação de Deus no homem, representa a personificação dessa transformação de Self em Ego.
O Herói possui sempre ajudantes, seguidores e escudeiros. Não ficam no seu próprio local, saem juntos para o mundo lutar pela humanidade. O Herói está sujeito a ser tomado pelo orgulho e seu declínio está associado a traição. Representa a luta pela ampliação da consciência humana, de lutar contra a doença, de enfrentar/confrontar a sombra em reconhecimento de si e em prol da humanidade.
Está associado ao mito solar (iluminação e ampliação da consciência no nível espiritual), a nostalgia da inconsciência pela busca insaciável da sua transformação à luz da consciência.
O Trickster é o estágio infantil do herói, é astuto, tolo, cômico, sádico e engraçado - prega peças desobedece às regras normais e de comportamento. O Hare é o estágio do ser forte, saudável e resistente. O Red Horn é o estágio do herói salvador, o enviado de Deus para resgatar a humanidade. O Twin é o estágio do herói com poder grande, de melhor compreensão do mundo, de maior maturidade.
Na criança, o arquétipo do Herói surge com forte influência paternal com cerca de 6 a 7 anos, permanecendo de forma acentuada até os 12 anos de vida, ainda que aparece na fase de ruptura do vínculo materno (uroboro).
As características do complexo do herói são tipicamente encontradas na personalidade laboral de muitos líderes organizacionais. A predominância do arquétipo de herói decorre do conceito de time, de lutar pelos desafios, de estar sempre pronto para os obstáculos, com demonstração de força, garra e perseverança, de querer vencer e derrotar a concorrência. Quando constelado em complexo torna-se obsecado pela sede de vitória, um desejo e ambição de cada vez mais crescer e desenvolver-se enquanto profissional, podendo até se tornar um neurótico laboral e vencer a qualquer preço, transformando seus concorrentes externos e internos em inimigos ou dragões.
Os 4 estágios do arquétipo de herói também são percebidos ao longo da carreira do líder, conforme aumenta o grau de complexidade, responsabilidade e empoderamento do seu trabalho. Na fase Trickster o líder é novado, quer conquistar a confiança do time e mostrar serviço, por ser chefe de primeira viajem, é desajeitado, inexperiente e se envolve facilmente em confusão ou peripécias. Na fase do Hare, o líder é o ¨rei¨ do pedaço, se considera poderoso, confiante e preparado, competência ao extremo, compra qualquer batalha, mas no fundo ainda está vulnerável. Na fase do Red Horn o líder sente que ele é o único que será capaz de salvar a situação, acha que está no seu estado de perfeição, que as pessoas dependem dele para resolver o problema, pois é o mais preparado, buscando sempre desafios mais difíceis e mais ambiciosos, podendo largar a missão anterior pela metade se inflarem seu ego a ponto de achar que o novo desafio é o mais importante para os outros, mas na verdade é a projeção do que espera para si mesmo. Na fase do Twin o líder é experiente, sábio e estrategista, sabe como alcançar a vitória com menor impacto e esforço, sabe escolher as suas batalhas.
Nas empresas, uma das características do líder (macho alfa) com o arquétipo de herói predominante consiste na demonstração de força, dominação, conquista e sua capacidade sedutora com que dá o movimento, direção, ritmo e velocidade ao trabalho. O herói precisa de um inimigo para fazer sentido a sua batalha. Antes de entrar em uma batalha pede a ¨benção¨ e conselhos ao velho sábio, que equivale ao seu mentoring. Precisa ter tantos outros machos alfas necessários e selecionados a dedo para aquela batalha especifica. Nas empresas, os membros da equipe principal são apelidados de pitbulls pela força que desenvolvem as tarefas (solta, vai e vença). O líder-herói proverá dos recursos e depositará toda a confiança necessária para a equipe agir com autonomia, pois estarão na linha de frente. Um deles será seu fiel escudeiro e servidor, na organização equivale ao assistente braço direito, funcionário da mais alta disponibilidade e confiança que o acompanhará em todas as batalhas (pau pra toda obra). Chama a equipe de time de alta performance. Só é escalado para o jogo aqueles que querem e tem condições de ganhar a luta contra o inimigo. Quem não se alinhar ao seu ritmo de trabalho, não corresponder com a mesma energia, ou não incorpora o mesmo inimigo, não serve e é posto para fora do time.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Arquétipo Louco
O louco é um andarilho, energético, ubíquo e imortal. É o mais poderoso de todos os trunfos do Tarô, como o coringa. Age como o bobo da corte e como o espião do rei. Pode se misturar em qualquer grupo que é chamado, pois é sem bem recebido. ¨O nosso louco interior nos empurra para a vida, onde a mente reflexiva pode ser supercautelosa. O que se afigura um precipício visto de longe pode revelar-se um simples buerozinho quando enfocado com a volúpia do Louco. ¨ (NICHOLS, 2007, p. 39-40)
De modo geral, o Louco é um bom personagem para consultar todas as vezes que descobrimos que os nossos planos mais bem arquitetados foram para o vinagre, deixando-nos desesperadamente desorientados. Nessas ocasiões, se prestarmos atenção, ouvi-lo-emos dizer com um escolher de ombros: ¨Quem não tem meta fixa nunca perde o caminho.¨
¨Jung definiu o ego como o centro da consciência. O self ¨si-mesmo¨ foi o termo que ele usou para denotar o centro de toda a psique, um centro de percepção e estabilidade ampliadas. Como o Louco do Tarô nos mostrará em sua dança circular, o self não é uma coisa que criamos, nem uma espécie de cenoura de ouro que a vida nos balança diante do nariz. O self está lá desde o princípio. O ego, se puder dizer, é feito – mas o self é dado. Existe em nosso nascimento – e antes do nosso nascimento e depois da nossa morte. Está sempre conosco, esperando que voltemos para casa e, no entanto, instando conosco que continuemos, pois não há como voltar. A nossa viagem, como a do Louco, é circular.¨ (NICHOLS, 2007, p. 57) Para citar JUNG: ¨O eu está para o si-mesmo assim como o patiens está para agens, ou como o objeto está para o sujeito, porque as disposições que emanam de si-mesmo são bastante amplas e, por isso mesmo, superiores ao eu. Da mesma forma, o inconsciente, o si-mesmo é o existente a priori do qual provém o eu. É ele que, por assim dizer, predetermina o eu. Não sou eu que me crio; mas sou eu que aconteço a mim mesmo.¨ (JUNG, 2012, CW 11/3, p.76). Para Nichols (2007), seria permitido dizer que o Louco do Tarô é o si-mesmo como prefiguração inconsciente do ego.
Isaacson em seu livro Steve Jobs: a bibliografia, escreve a vida e a obra do fundador e dono da Apple, uma das maiores empresas de tecnologia da atualidade. Em 1997, a Apple apresentou uma campanha publicitária com o slogan ¨Pense diferente: As pessoas que são loucas o suficiente para achar que podem mudar o mundo são aquelas que o mudam.¨. A frase possibilita uma reflexão do arquétipo do ¨Louco¨.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Arquétipos Puer e Senex
Cronos é realizador (senex), age com limites, rigidez e repressão. Zeus é renovador (puer) age com expansão, criação, renovação e impulso.
Quando tomado pelo complexo adota as características predominantemente visitadas: Infantilidade, renovação, rebeldia, imaginação, contato com a realidade mais afastado com um lado comum da matéria, organização, discernimento, capacidade de trabalhar dentro de sua capacidade e limites, planejamento. O Puer tem características de jovem e o senex de velho (descarta-se um vínculo com as idades literais das pessoas).
O puer é sedutor e vive em um mundo de ideias e fantasias, não tem o pé no chão. Não sabe lidar com processos de repetição para se aprimorar. É reativo e não tem rotina. Possui baixa tolerância a frustração. É metódico, diz não ao diferente. Tem o senex no mundo interno, não sustenta vínculos, é chato e ranzinza. Busca a solitude e cria sentimentos de vítima de abandono. Age como precisasse esconder debaixo da cama, pois diante do medo ele busca proteção.
Segundo análise M. L. Von Franz o Puer está preso a um poderoso complexo materno (negativo) que não deseja ou não quer crescer. Mostra-se incapaz de se distanciar da esfera materna, pagando o preço da eterna juventude. Nunca se lança eternamente nas experiências, nunca está em contato pleno com a realidade. Uma vida provisória.
O senex é sábio e ancião, não sai do chão. Vira uma criança pueril, nega a diversidade, é metódico na organização e no planejamento. Tem medo de entrar no mundo real, por isso tudo é provisório, ainda não chegou o momento definitivo dele ser a pessoa que realmente é. Pode se tornar arrogante e muito agressivo. Desgarra da relação se acha que vai trazer desapontamento. Não vive plenamente a vida.
O senex seria aquele excelente técnico ou consultor experiente que pela sua competência técnica e resultados alcançados nesta função, é gratificado ou recompensado pelo seu histórico e promovido a gerente. A empresa acaba de perder um excelente técnico e ganha um chefe chato, exigente e ranzinza, longe de ser considerado um líder pela equipe.
O puer seria como se comporta aquele estagiário ou funcionário novo recém formado, em seu primeiro emprego, sonhador, cheio de idéias que não sabe como implementá-las, é crítico, sai mudando tudo para depois perguntar ou descobrir por que as coisas eram do jeito anterior, não gosta de receber feedback negativo, ou mesmo construtivo pela dificuldade que tem de enxergar a realidade como ela é.
¨O arquétipo da criança divina é o que possibilita que as pessoas se entreguem livremente ao entretenimento – estar entre – perante toda diversidade que a vida apresenta. Por outro lado, o arquétipo do velho sábio é aquele que irá integrar, de forma harmoniosa e contemplativa, todo os pares de opostos advindos da diversidade. Caso esses arquétipos sejam reprimidos o que surge é o medo, a intolerância e uma total adversidade diante de toda diversidade. Ou seja, a negação da criança divina, implica ao mesmo tempo a negação do sábio interior e da dimensão criativa, podendo ser uma das causas para justificar o consumo maníaco e o medo polissêmico e difuso que vem assolando a humanidade contemporânea.¨ (MAGALDI FILHO, 2014, p.121-122)
Autor:
Alberto Erich S P Okada
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Relação entre a Fenomenologia e Jung
Na psique, muitas associações rodam em torno de uma temática com uma infinidade de atributos organizados, mas com uma afinidade entre si. Não há nada da existência que não passa pela psique. O olhar híbrido das perspectivas psíquicas possui valores energéticos sensíveis, físico-científico e pragmático. Há valor em tudo que se vê de diferentes perspectivas em função de uma razão subjetiva (exemplo: pode não ser o nadador que nada e locomove-se e sim uma corrente invisível que conduz o nadador no vácuo criado pelo movimento contrário das águas dessa corrente).
O mundo é a representação das ideias, porém nós somente temos acesso ao conteúdo da nossa psique, que mostra o mundo de acordo com as nossas ideias, símbolos, representações e projeções. Não temos respostas para muitas dúvidas. Faz-se necessário organizar os pensamentos para encontrar as respostas ou soluções pela análise do problema sob diversas perspectivas. Ou absorvemos uma determinada hipótese/perspectiva passivamente, ou, ao contrário, indagamos quanto à veracidade dos fatos e quanto à sua fundamentação. Será que o que vemos é realmente o que de fato é ou significa?
Descartes, autor da frase “Penso, logo existo” busca a verdade que não pode ser questionada. Só existe a verdade se não há a dúvida e só existe o problema quando existe a solução. A solução é que cria o problema, a medida que a solução é sempre a eliminação de um problema que não deveria acontecer. A verdade afasta a dúvida à medida que pensamos que a dúvida não deveria ocorrer. A medida que agimos de forma cartesiana, simbolizamos bem nossos pensamentos para demonstrar a relação entre nossas representações e a realidade. Coloca-se continuamente mais uma questão, não para simplesmente duvidar, mas sim para extrair da sua dúvida a verdade. E assim inicia o jogo antológico entre a aparência e a realidade.
Kant traz o conceito da razão pura e diz que a razão exerce a governança de nossas vontades. Diz ele (...) Tudo na natureza age segundo leis. Só um ser racional tem a capacidade de agir segundo a representação das leis, isto é, segundo princípios, ou: só ele tem uma vontade. Como para derivar as ações das leis é necessária uma razão, a vontade não é outra coisa senão a razão prática... a vontade é a faculdade de escolher só aquilo que a razão, independentemente da inclinação, reconhece como praticamente necessário, quer dizer como bom. (Kant 2002, p. 47)
Kant dizia que fenômeno é o mundo a qual nós experimentamos e não o mundo da forma com que existe independente de nossas experiências (essência das coisas em-si). O ser humanos aprende com as experiências a medida que reconhece o mundo dentro de seus esquemas mentais.
Para Kant, é o sujeito, com os seus conhecimentos a prioris e seu aparatos subjetivos que determina o objeto de seu conhecimento e a sua capacidade de conhecer. Eles encaixam todos os objetos em intuições (como o tempo e o espaço) e em categorias diversas (unidade, pluralidade, causalidade, entre outras). Não é possível ao homem pensar sem mapear suas possibilidades, sem mostrar os conceitos e os princípios que tornam possível o pensamento, o qual a intuição faz parte da razão.
Já Jung distingue as funções da consciência em pensamento, sentimento, sensação e intuição. JUNG traz um terceiro elemento na relação entre sujeito e o objeto Diz ele (...) Ao esse in intellectu [ser na mente] falta a realidade tangível, e ao esse in re [ser no corpo] falta o espírito. Idéia e coisa confluem na psique humana que mantém o equilíbrio entre elas. Afinal o que seria da idéia se a psique não lhe conferisse um valor vivo? E o que seria da coisa objetiva se a psique lhe tirasse a força determinante e a impressão sensível? O que é a realidade se não for uma realidade em nós, um esse in anima? A realidade viva não é dada exclusivamente pelo produto do comportamento real e objetivo das coisas, nem pela formula ideal, mas pela combinação de ambos no processo psicológico vivo, um esse in anima (Jung, 1991, p. 63).
A Psicologia Analítica procura, então, reconstituir essa terceira instância, o reino intermediário da psique, que é, também, o reino das imagens e do poder da imaginação. Utilizando a atividade da fantasia “a psique cria realidade todos os dias” e “lança uma ponte entre sujeito e objeto” (Jung, 1991, p. 64).
Faz parte da natureza dos indivíduos demonstrar uma permanente preocupação com a forma e com a aparência, seja pela ocultação ou pela manifestação da realidade. A dicotomia dessas aparências segue em conflito pela evolução natural dos fatos e acontecimentos pessoais ou universais. As relações de causalidade entre as diversas situações ocasionais levam gradativamente a aproximação dos fatos a realidade, porém uma simples experiência evidenciada pode levar todo um racional construtivo à estaca zero. Neste caso, faz-se necessário resignificar tais conteúdos a partir da observação fenomenológica.
Nietzsche traz o conceito da antionomia que é conflito contraditório entre duas ideias ou sempre que estejamos em condições de demonstrar e refutar uma proposição e a sua contrária, onde se verifica não ser possível provar nada em definitivo. Para Nitzsche o sofrimento não pode ser rejeitado.
Para Nietzsche, as realizações de vivências valorosas na vida vem a partir da experiência de superação, de dificuldades, e que uma existência confortável e indolor não valeria a pena de ser vivida. O sofrimento torna as pessoas resilientes que, além de pacientes, são determinadas, ousadas, flexíveis diante dos embates da vida e, sobretudo, capazes de aceitar os próprios erros e aprender com eles
Nietzsche designa o super-homem como uma imagem arquetípica de um ser superior aos demais que, era o modelo ideal para elevar a humanidade. Para ele, a meta do esforço humano não deveria ser a elevação de todos, mas o desenvolvimento de indivíduos mais dotados e mais fortes. “o indivíduo é chamado a lutar pela cultura e a opor-se a todas as influências, hábitos, leis e instituições nos quais não reconheça a sua própria meta [...] a criação do super-homem” (NIETZSCHE, 1990, p. 239). Complementa ainda... “Só não falem de dons e talentos inatos! Podemos nomear grandes homens de toda espécie que foram pouco dotados. Mas adquiriram grandeza, tornaram-se “gênios” [...] todos tiveram a diligente seriedade do artesão, que primeiro aprende a construir perfeitamente as partes, antes de ousar fazer um grande todo. (NIETZSCHE, 2000, p. 125).
Jung tinha um apreço forte por Nietzsche e foi um estudioso de sua obra. É possível reconhecer os ensinamentos de Nitzsche em seus textos. Para promover a transcendência da alma o indivíduo precisa mergulhar no seu inconsciente, confrontar com sua sombra e do conflito gerar o equilíbrio entre o estilo dominante e o estilo recessivo da consciência. Segundo JUNG "A depressão é como uma mulher vestida de preto. Se ela aparecer, não a afaste. Convide-a para entrar, ofereça-lhe um assento, trate-a como uma convidada e ouça o que ela tem a dizer. Para Jung o sofrimento pode ser superado suportando-o e que somente há significado na felicidade se houver o equilíbrio da tristeza. É a partir do movimento pendular de forças opostas (conceito de enantiodromia do filósofo Heráclito) e do conflito entre ideias contraditórias e acolhimento da dor e sofrimento (Nietzsche) que pode haver equilíbrio, ressignificação e mudança de atitude na consciência.
O que se processa na consciência sobre si é bem maior do que de fato se vive, pois, é na consciência que ocorre a potencialização da abstração. No processo de aprendizagem, os mapas vão sendo reconfigurados. Todo e qualquer processo de mudanças e adaptação é ao mesmo tempo um processo de desadaptação.
Para Husserl se aprende com a percepção, que é um ato intuitivo privilegiado, uma intuição originária "A intuição doadora na primeira esfera natural de conhecimento e de todas as suas ciências é a experiência natural, e a experiência originariamente doadora é a percepção, a palavra entendida em seu sentido habitual" (Husserl, 2006, § 1, p. 33). A percepção é fundamental e importante porque com ela a plenitude se realiza para nós, tal como o objeto é ou se dá em si mesmo, permitindo entrar em uma relação direta com o real. A percepção transcendente é um ato de reflexão.
Husserl faz uma crítica a incapacidade da ciência na concepção humano autêntico: (…) A verdade científica, objetiva, é exclusivamente a comprovação daquilo que o mundo, tanto científico quanto espiritual, efetivamente é. Entretanto, o mundo e a existência humana nele podem verdadeiramente ter algum sentido se as ciências admitirem como verdadeiro somente o que pode ser comprovado objetivamente dessa forma, se a história não puder ensinar mais do que isto: todas as formas do mundo espiritual, todas as obrigações vitais, todos os ideais, todas as normas que, dependendo do caso, os homens sustentam são formadas e desfeitas como ondas passageiras: sempre foi assim e sempre será; sempre a razão deve converte-se em sem-razão e a boa ação, em calamidade? Podemos ficar satisfeitos com isso? Podemos viver neste mundo, cuja história não é outra coisa senão uma perpétua concatenação de impulsos ilusórios e amargas decepções? (Husserl, E. A crise das ciências europeias e a fenomenologia transcendental).
Husserl funda a fenomenologia como método, ou uma forma, ou um caminho de como se aprende as coisas, de qual sentido é percebido pela consciência a partir das relações entre sujeito e objeto com objetivo de compreender o ser humano nas suas relações intrapessoais (em si ou para si) e interpessoais (com os outros, com o meio em que vive, ou com o mundo). O processo de construção do aprendizado ocorre no encontro da consciência e as coisas. A consciência das representações universais não o faz abdicar das suas próprias representações o que faz retornar as coisas mesmas.
Para Husserl, o fenômeno é o manifestar da essência revelada a consciência de uma forma única indivisível dando sentido do ser, onde todo objeto está para uma consciência assim como toda consciência está para um objeto. A intencionalidade presume que toda consciência sempre se apresenta como consciência de alguma coisa, estabelecendo uma relação com um sentido aproximado ou um olhar intelectual de perceber as coisas. Fora dessa relação a consciência é um nada. Nada pulsa no ser. É o nada indeterminando o ser, mas por outro lado é o nada que determina o que está sendo indeterminado. A totalidade contempla a indeterminação, a falta, onde o tudo também determina o nada. Se não sou o que deveria ser, então não sou nada. O nada não é falta é excesso. Ser e nada são abstrações. Criar expectativas sem conquistá-las gera o vazio e define a posse do nada.
Husserl define a epoché como sendo uma ação caracterizada de abrir a consciência à experiência, sem fazer qualquer juízo, ignorando o conhecimento exterior e desconsiderando o mundo real. Um olhar de fora, onde é preciso "tirar de circuito" todas as ciência e as nossas atitudes do mundo natural que se apresentam como verdades para si e somente admiti-las após conferir parênteses. A epoché desvela, portanto, o conhecimento do que efetivamente existe ao introduzir a subjetividade. A epoché é a base do processo de redução fenomenológica em um esforço de voltar a atenção ao Eu interior, não para buscar algo, mas para apreender o que possa vir a se manifestar ou surgir a consciência.
A aproximação entre Jung e Husserl não se dá em termos de radicais filosóficos. No âmbito dos conceitos, Jung permanece kantiano. Entretanto, a valorização da experiência inerente ao pensamento junguiano sugere uma postura semelhante a que a epoché produz nas psicologias fenomenológicas.
Para Sartre a existência precede a essência, pois o indivíduo existe antes mesmo dele ser definido por qualquer conceito. A morte é uma ocorrência que determina o fim da existência. Um objeto é fabricado de acordo com um conceito de quem o fabricou, tendo intuito, objetivo ou propósito e utilidade definida, antes mesmo de sua existência concreta. Este objeto possui, portanto, uma essência prévia. A essência de um objeto precede a sua existência, pois ele será fabricado com base no que irá se tornar, em qual função será. Em sua subjetividade, o indivíduo é aquilo que ele faz de si mesmo. A consciência se amplia fazendo uma volta reflexiva para si mesmo, cujo movimento ocorre fora de nós. Estar consciente é aquilo que se faz por existir ou um processo de vir a ser. O paradoxo da consciência é o movimento na construção que implica um nada de ser e ao mesmo tempo aponta para um ser possível, para um projeto fundamental. Sendo a consciência uma estrutura vazia, possibilitará a construção de si como deslize entre o nada de ser e o ser possível, ou seja, é quando o homem diante do nada e, projetado para o futuro, construirá o seu ter-de-ser como valor, isto é, a sua essência.
Sartre define que a consciência não é a essência e sim o movimento. Ela é livre para seguir em direção das coisas. A vida interior nada a mais é do que um refúgio que nós procuramos manter a salvo da exterioridade do mundo exterior. Porém, sendo a consciência um nada, como Husserl bem definiu, então nós não teríamos como nos esconder.
Sartre define que tudo está fora e nós estamos fora de nós mesmos e dentre os outros. Ao expulsarmos as coisas da consciência, se estabeleceria uma consciência posicional do mundo, ou seja, as representações universais da relação autêntica entre o sujeito e as coisas.
Ao contrário de Husserl, Sartre diz que a consciência é uma volta reflexiva para si mesmo, cujo movimento ocorre fora de nós. Ele não se completa, a medida que o ser humano vai para fora em busca de algo que tens que se tornar, ou seja, sempre haverá algo projetado, sem nunca se alcançar. Tem-se a consciência dela própria à medida que ela continua existindo fora de mim.
Portanto, a consciência não é coisa alguma, é aquilo que se faz por existir, não é algo implícito do ser, e sim, do processo de vir a ser, um constante transcender-se, de ir para fora e além de si, em busca da superação. Para Sartre, é preciso haver constantes transformações para o processo de completude do ser, fazendo renascer a cada instante um outro melhor em mim. É preciso agir e mudar, não para agradar aos olhos dos outros, e sim, para continuarmos sermos nós mesmos.
Há uma matriz de liberdade na definição da realidade e, pelo rigor metodológico ético, não se pode dizer que a consciência é uma coisa subordinada a outras coisas, pois não há como abdicar-se dessa liberdade. Se o fizer, ignorar ou fingir estaríamos cometendo uma traição a si próprio e a finalidade histórica da existência do homem.
Sartre diz que podemos ser livres para tudo menos para deixarmos de ser livre, ou seja estamos condenados a liberdade. Também que somos livres para nos libertarmos ou tentar-nos libertar. Esse constante inventar-se para transcender não podemos nos livrar. Não somos aquilo que fazem de nós (visão marxista). Somos aquilo que fazemos com o que fazem de nós.
Jung discorda de Sartre ao defender a ideia de uma determinada natureza humana que caminha para transcendência da alma, de maneira desenvolvimentista do self rumo a totalidade, bem como ao discordar que a liberdade humana é algo absoluto ou incondicionado. Se fato somos livres para mudar e fazer nossas próprias escolhas, renunciar oportunidades, simplesmente para ser ou trilhar rumo a nossa existência. Mas ser livre também é poder ter a liberdade de obedecer ao outro aquilo que foi determinado. Pode-se definir a liberdade como uma obediência, mas não de um apenas. Assim, é ser livre a ideia de não ter que ser somente EU, pois não podemos nos prender dentro do nosso EU.
Sartre em seu livro O Ser e o Nada define que a construção do ser é um projeto existencial, um projeto de construção inalcançável, mas propulsor de provocar atitude na consciência para vivenciar o mundo a sua maneira, ou seja, livre para ser o Deus de suas próprias vontades.
Não obstante, o conceito junguiano de individuação tem afinidade com o ideal de autenticidade e projeto de vida de Sartre, no sentido de que ambos se concentram no objetivo de alcançar uma existência significativa por meio do desenvolvimento de recursos internos, do exercício criativo da liberdade e da superação do autoengano.
Para Kierkegaard o desespero é o afastamento da existência, o único mal para o qual não há cura. Desespero é um mal maior que a morte. O desespero é a doença mortal, é viver a morte do eu quando o indivíduo não aceita estar nas mãos de Deus. Negando Deus o homem se aliena e reduz a nada. A alienação é a falta de consciência por parte do ser humano de que ele possui responsabilidade de sua própria vida. O ser humano é finito e têm que constantemente fazer escolhas, essas escolhas podem levar o indivíduo a uma vida ética e essa vida ética pode levar as pessoas a uma vida de fé, e é na fé que o sujeito pode se encontrar com a singularidade de Deus.
Compete a cada um a possibilidade de se tornar indivíduo no encontro com si mesmo. O homem é responsável para se tornar aquilo que ele é em potência: “individuum” (KIERKEGAARD, 2010g, p. 30). Tornar indivíduo “é um ser capaz [Kunnem], uma arte [Kunst], uma tarefa e arte prática, cuja prática às vezes exige as vidas de seus praticantes” (GOUVÊA, 2009a, p. 371). Assim, nascemos humanos e com arte podemos nos tornar indivíduo singular. O homem não nasce indivíduo, mas pode se tornar um, desde que assume o processo de individualização. O homem só se torna um “indivíduo autêntico se ele for responsável perante Deus” (GOUVÊA, 2009b, 371). O tornar-se é possibilidade. A existência humana é liberdade, pois os indivíduos são o que escolheram ser, o que escolheram fazer da sua existência dentro das suas possibilidades, inclusive da possibilidade de não escolher e ficar paralisado ou de se perder. A percepção dessa possibilidade causa a angústia pelo futuro a ser definido pela liberdade, futuro e angústia andam juntos. A verdadeira existência é vivida na fé.
Tal como Jung, observa-se que ocorre um processo de individualização e que este processo ocorre gradativamente. Ambos acreditam na crença fundamental no potencial de cura de uma perspectiva religiosa. Jung e Kierkegaard identificam autenticidade, sofrimento e auto-ilusão como os três temas importantes.
Jung admite ser um fenomenológico ao afirmar que: “Embora me tenham chamado freqüentemente de filósofo, sou apenas um empírico e, como tal, me mantenho fiel ao ponto de vista fenomenológico. Mas não acho que infringimos os princípios do empirismo científico se, de vez em quando, fazemos reflexões que ultrapassam o simples acúmulo de classificação do material proporcionado pela experiência. Creio, de fato, que não há experiência possível sem uma consideração reflexiva, porque a “experiência” constitui um processo de assimilação, sem o qual não há compreensão alguma. Daqui se deduz que abordo os fatos psicológicos, não sob um ângulo filosófico, mas de um ponto de vista científico-natural. (...) me abstenho de qualquer abordagem metafísica ou filosófica. Não nego a validade de outras abordagens, mas não posso pretender a uma correta aplicação desses critérios” (Psicologia e Religião p. 1)
Os conceitos da fenomenologia que foram assumidas por Jung são: a sua proximidade com fenômeno, tal como este ocorre; a redução fenomenológica e sua discussão dentro do campo psicológico, sem adentrar uma metafísica; a busca das essências; a intencionalidade e a relação do homem com o mundo na integridade do ser.
Assim, concluo que diversos pensamentos de Jung tem uma correlação com a fenomenologia e uma proximidade com o existencialismo. Tem universidades que citam JUNG na disciplina de Teorias Psicanalíticas (com mais ênfase a Freud) e outras em Teorias Fenomenológicas, Existencialistas e Humanistas, mas são poucas que dedicam uma disciplina específica de Psicologia Analítica. Particularmente, acredito ser difícil para a academia, normalmente coordenada pela área da saúde (com ênfase na medicina), onde seus professores foram criados na escola da psicologia com o viés pragmático de pesquisa científica, tipicamente behaviorista, compreender e aceitar a diversidade, multiplicidade e miscelânea de pensamentos de diversas culturas e povos e de diversas correntes filosóficas na obra de Jung. Em que pese que o ser humano ao rejeitar alguns conceitos, fecha-se ou ignora-se para absorver o restante do conhecimento, é nítida a correlação de influências que JUNG proporcionou nas obras de pensadores fenomenológicos e existencialista e vice-versa, mesmo tento críticas no campo ideológico entre os pensadores. São essas críticas entre as teorias e pensamentos que se fazem evidentes na sociedade através da linguagem, entre cartas e manuscritos, pois fazer ciência é isso. Entretanto, se quisermos compreender se existem similaridades, ou afinidades, ou complementariedades, em alguns pontos, faz-se necessário conhecer com o mesmo grau de profundidade ambas as teorias e pensamentos para compará-los entre si.
Autor:
Alberto Erich S P Okada
Terapeuta Junguiano | Coach | Mentor | Consultor
publicado em 26/03/2020
(citar fonte em caso de reprodução)
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